OPINIÃO

Não há nada melhor que a sensação do dever cumprido

Por Estevan Pegoraro | 13/04/2024 | Tempo de leitura: 6 min

Advogado, empresário e ex-presidente do Esporte Clube Noroeste

Quase dez anos atrás fui tomar um café com o Rodrigo Mandaliti e ele me pediu pra ajudar o Noroeste. Não poderia imaginar que aquele simples café marcaria os próximos 10 anos da minha vida... Uma semana depois lá estava eu, como tesoureiro do clube, buscando ajudar na árdua tarefa de nos livrarmos da 4ª divisão do Campeonato Paulista. Logo em seguida, tivemos nossa primeira alegria com o acesso em casa, na presença de quase 10 mil noroestinos, num jogo em que terminamos empatados em 2 x 2 contra o Fernandópolis, mas que o empate nos bastava para o acesso.

Nossa alegria, no entanto, durou pouco. Sobrevieram as renúncias do Emilio e do Rafael, devido à queda de arrecadação em virtude do cancelamento do repasse do ISS por conta de uma interpretação equivocada da lei pelo então jurídico da prefeitura. Este repasse representava há época 90% das receitas do clube. Foi aí, então, que assumimos.

Pegamos o clube a beira da falência, sem receita praticamente nenhuma e com dívidas para pagar. O cenário era de terra devastada.

Nos primeiros anos, 2016 e 2017, lutamos contra o rebaixamento. Sem dinheiro e com o campeonato rebaixando 6 clubes, nós sofremos, e muito.

Mas conseguimos superar essa que, para mim, foi a fase mais difícil que enfrentamos. Passamos por uma reestruturação administrativa e financeira e aos poucos fomos conseguindo formar uma comissão técnica e uma estrutura que nos permitiu, nos anos seguintes, brigar pelo acesso à Série A2.

Acesso este que demorou mais do que previsto. Foram anos batendo na trave e quando pensávamos que o acesso não tinha mais como nos escapar, apareceu o Covid-19 e a pandemia que arruinou com o planejamentos dos clubes. Ficamos sem futebol, sem receita alguma por conta da paralisação, mas tínhamos que pagar os compromissos e honrar os salários dos jogadores que não podiam sequer treinar.

Esse período também foi muito difícil superar. A perda do acesso com o time que tínhamos montado foi um golpe duro para todos, mas jamais desistimos.

É neste momento de dificuldade que apareceu a figura do Reinaldo Mandaliti, que já nos ajudava desde que assumimos o clube, e desta vez ele se dispõe a assumir a gestão.

Nós já estávamos esgotados. Tínhamos nos doado ao máximo, tanto pessoalmente quanto financeiramente. Acreditem, o Noroeste não é para amadores.

Com a ajuda do Reinaldo, enfim, conseguimos o acesso à série A2. E dois anos depois conquistamos o objetivo que havíamos traçado lá atras, em 2015, quando sentei junto ao Rodrigo para um simples café, qual seja, colocarmos o Noroeste de volta na Primeira Divisão.

Não fosse o amor incondicional pelo clube que estes dois irmãos herdaram do seu pai Valdomir Mandaliti, o Noroeste hoje com certeza não teria chegado aonde chegou.

Obrigado Rodrigo pelo convite e ao Reinaldo deixo meu muito obrigado pelo apoio que nos deu durante o período em que estivemos a frente do clube e, principalmente, por nos ter sucedido na gestão e não deixado que todo o trabalho fosse em vão. Sem vocês, nada disto teria sido possível.

Gostaria também de agradecer algumas pessoas que estiveram conosco ao longo de toda essa jornada, em especial, meus amigos Rodrigo e Leandro, mais conhecidos como Mosca e Lelê.

Estes dois nunca se furtaram ao trabalho e jamais se esconderam das responsabilidades que assumimos. Passamos juntos ali por poucas e boas. Só nós sabemos como foi difícil superar os problemas, as brigas contra o rebaixamento e os anos de pandemia, mas mesmo nas maiores dificuldades, eles jamais duvidaram do nosso comprometimento e se mostraram sempre amigos leais e fiéis. Obrigado por acreditarem.

É preciso também agradecer alguns colaboradores que aceitaram participar do desafio de reestruturação do Noroeste conosco. Dentre eles, destaco dois gestores de futebol que toparam trabalhar conosco nesse período: o primeiro deles foi o Emerson Carvalho, que fez um trabalho dificílimo, num momento de vacas magras. Emerson realizou um trabalho fantástico, sempre conduzido com muita ética e responsabilidade.

Na sequência, com a saída do Emerson, trouxemos o Alex Afonso e depois o Deda, para a função de Executivo de Futebol. O Deda conseguiu dar sequência ao trabalho desenvolvido e continua lá até hoje, desempenhando seu trabalho com muita dignidade e com uma honestidade rara no meio do futebol.

Da mesma forma agradeço, também, Caio Tuler (supervisor de futebol), Neno (roupeiro), Rodrigues (massagista), César e Gian (fisioterapeutas), Uchoa (preparador de goleiros) e Andrezinho (auxiliar técnico), filho de Luiz Carlos Martins (treinador) que também exerceu um papel fundamental nesse processo de reconstrução do clube e um dos grandes responsáveis pela formação deste atual elenco vitorioso.

Meu agradecimento também ao Bruno Freitas, responsável pelo nosso departamento de comunicação, que aceitou o desafio de trabalhar conosco desde o início, muito mais pelo amor ao Noroeste do que por qualquer contrapartida financeira ou profissional que lhe fora oferecida. Mesmo trabalhando por vezes com os salários atrasados, o Bruno jamais deixou de cumprir suas funções de forma exemplar. Obrigado Bruno, por toda dedicação e parabéns pelo excelente trabalho que realizou ao longo desses anos, e que ainda realiza a frente do clube.

Peço perdão por não nominar a todos, com certeza estou esquecendo de alguém e cometendo alguma injustiça, mas deixo aqui o meu muito obrigado a absolutamente todos que colaboraram conosco. Deste os jogadores que por aqui passaram, treinadores, gandulas e, principalmente, os nossos torcedores.

Os verdadeiros torcedores do Noroeste sempre nos apoiaram. Mesmo nos piores momentos, nunca fomos hostilizados pelos nossos torcedores, muito pela contrário, nossa torcida sempre nos apoiou e com certeza esse apoio incondicional nos motivava a manter as coisas no trilho. Em nome do Pavanelo, da Sangue Rubro e, também, do pessoal da Falange Vermelha, deixo nosso muito obrigado a todos os nossos torcedores. Vocês foram fantásticos. Em quase uma década eu pude testemunhar que o Noroeste jamais jogou sozinho. Por mais distante que fosse, por mais cara que custasse a viagem, nossa torcida sempre estava lá para apoiar o time. Isso é amor verdadeiro.

Por fim, necessário finalizar agradecendo minha família. Meus pais, meus irmãos e, em especial, minha esposa Maysa e minhas filhas Luma e Isadora que ao longo desse tempo todo, mesmo cientes que por vezes deixávamos ali tempo e dinheiro preciosos, jamais deixaram de apoiar nossas atitudes em prol do Noroeste.

É com um sentimento de enorme satisfação e com muito orgulho que encerro este ciclo no Norusca.

Hoje estou feliz demais pela sensação do dever cumprido e, melhor do que isto, pela certeza de que conseguimos não apenas fazer um bom trabalho, mas conseguimos deixar esse trabalho nas mãos de uma pessoa apaixonada pelo clube, como poucos, e que já se mostrou ser capaz de melhorá-lo.

Tenho certeza de que o Noroeste nas mãos do Reinaldo irá traçar um período de glórias e que o melhor ainda está por vir.

A todos os noroestinos, meu muito obrigado.

Vida longa ao Noroeste! Viva Bauru!

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