OPINIÃO

Permita-se surpreender!

Por Patrícia Schubert | 16/03/2024 | Tempo de leitura: 2 min

Permita-se surpreender!Recebi uma mensagem no celular.

Era sobre a passagem de minha grande amiga, Irma H B Krombholz.

Uma sobrinha, Dani, de Cunha-SP, me comunicou o falecimento dela aos 89 anos.

Se estou triste?

Muito.

Por mais crentes na espiritualidade que sejamos, ficamos tristes.

Conheci Irma quando morei em Sao Paulo, no ano 1999.

Tive uma loja de bijuterias.

Ela era cliente.

Toda vez que ia ao mercado buscar flores frescas - adorava cravos, ela passava para ver nossas bijoux.

Era uma senhora linda: alta, loura, batom vermelho. Muito composta.

Nós tornamos assíduas e, posteriormente, amigas.

Mudei pra Bauru.

Nós falávamos por telefone.

Conversas de conforto, desabafo e amor.

Irma vendeu seu imóvel no Alto de Sumaré. Comprou outro menor, próximo a avenida Rebouças.

Fui visitá-la pessoalmente.

Sempre nos falávamos por telefone.

A família decidiu que ela, sozinha, deveria mudar-se para Cunha, próximo a Paraty, onde tinham uma propriedade.

Venderam seu apartamento e construíram uma casa na fazenda.

Irma lá morou por anos

Não tendo internet ou celular, nossa comunicação foi via carta.

Eu as recebia com amor.

Desabafos vários, narrativas sobre a natureza, os animais etc.

Até que um dia a família interrompeu nosso contato, não mais entregando minhas cartas, que chegavam a Cunha-SP por caixa postal.

Irma achou que eu tinha falecido.

E eu também.

Um dia, recebi uma mensagem pelo Facebook. Era o afilhado dela dizendo que me procurava.

Ela já estava, por opção da família, num asilo.

Liguei.

Ao falar com ela, não acreditou.

Disse que rezava por mim por ter falecido - assim acreditava - deixando filhos pequenos.

Nosso contato foi restabelecido.

Irma, ex-esposa de Piloto da Varig nos áureos tempos, moradora de bairros nobres no Rio de Janeiro e em São Paulo, que optou por não ter filhos e viajou o mundo, ficou estarrecida ao ouvir minha voz.

Na casa de idosos, viveu seus últimos anos.

Um dia, contou-me que sua mãe sempre falava, em alemão: "Permita-se surpreender".

E, muitas vezes, inspirada por ela, falei isso a muitas pessoas.

Desencarnou em 12/03/2024.

Faria 90 anos no dia 28.

Que Deus receba minha amiga, que muito me surpreendeu e ensinou com sua meiguice, amor, nobreza e desprendimento.

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