Para além da evidente e notória inviabilidade humana da leitura, em poucos dias, de milhares de páginas de processos que chegam ao STF, o artigo de Joaquim Falcão e João Carlos Cochlar na Folha de S. Paulo, que concluiu pelo título "Ou seja, não leu", deixou ao largo uma questão fundamental do acesso à Justiça: só é feita por meio de advogado. Ou seja, mesmo eu sabendo ler e escrever bem, não posso reivindicar direitos diretamente à Corte, em qualquer instância. Quanto à leitura, quantos e quanto leem? Diz-se que o jovem não passa de três parágrafos (daí o nome de meu blog), explicação do sucesso de lacrações, emojis, e outros grunhidos cibernéticos que já foram piados.

De qualquer forma, leituras de formação são importantes. A obra de Monteiro Lobato é eterna e eu fui um dos que aprenderam a ler com ela. As polêmicas posições racistas do autor devem ser devidamente contextualizadas e não levar ao seu "cancelamento" como propõem intelectuais preguiçosos. Sua neta Joyce Campos Lobato faleceu recentemente e foi cuidadora da obra do avô, vida e atividade que devem ser tratadas de forma respeitosa, sem reacender uma polêmica que não é dela.

Por fim, para citar um fato inusitado, o ombudsman da Folha de SP, aproximando-se o aniversário do jornal, pediu que leitores fizessem perguntas polêmicas ao diretor de redação. Antes, porém, poderia responder algumas referentes a si e ao seu mister: Por que usa frequentemente frases dos leitores sem citar a autoria, em deslavado plágio? Por que nunca comentou acerca da ausência de outros esportes no caderno que leva o nome no plural (já tratado aqui em "Outros esportes", 28/7/2022), quando se refere quase exclusivamente ao futebol masculino? Qual sua real posição frente às agressões políticas, que desde 2018 foram sempre de um lado só? E, por fim, quais são seus critérios de escolha de críticas e comentários, sempre distantes da maioria das sugestões feitas pelos leitores na versão online da coluna? Se respondesse aos questionamentos, respeitaria leitores, leituras e autorias.