POLÍTICA

Tarcísio abre caminho para Suéllen ir ao Republicanos, mas discute com Kassab

Governador afirmou à prefeita que termos de uma eventual filiação seriam discutidos com seu secretário de Governo

Por André Fleury Moraes | 26/01/2024 | Tempo de leitura: 4 min
da Redação

Guilherme Matos

A prefeita Suéllen Rosim (PSD) ao lado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) durante agenda na Apae Bauru, no ano passado
A prefeita Suéllen Rosim (PSD) ao lado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) durante agenda na Apae Bauru, no ano passado

O governador Tarcísio de Freitas discute com seu secretário de Governo e Relações Institucionais, Gilberto Kassab, a possibilidade de filiar a prefeita Suéllen Rosim (PSD) ao partido do qual atualmente faz parte, o Republicanos.

O convite chegou a ser formalizado pelo dirigente do Palácio dos Bandeirantes num encontro recente entre ele e a mandatária. Suéllen teria respondido que possui um compromisso com Kassab, que é também presidente nacional do PSD, o que poderia travar uma eventual filiação.

Foi o próprio secretário, afinal, que pavimentou o caminho para Suéllen ingressar no PSD. A prefeita começou o mandato no Patriota, migrou na sequência para o PSC - hoje em processo de fusão com o Podemos - para depois mergulhar no PSD de Kassab, que hoje domina a maioria das prefeituras paulistas.

O JC apurou que Tarcísio garantiu à prefeita que iria negociar com Kassab os termos de uma eventual ida da prefeita ao Republicanos. Suéllen não descarta a possibilidade de se filiar à sigla do governador, sobretudo diante da proximidade entre os dois.

A mandatária, na verdade, já chegou a ser sondada pelo partido antes de fechar com o PSD. Ela chegou a ser convidada no final de 2022 para integrar o Republicanos. Na época, o Podemos havia acabado de anunciar a incorporação do PSC e havia dúvidas sobre se Suéllen permaneceria no partido.

Isso porque o Podemos em Bauru é representado pelo médico e ex-deputado estadual Raul Gonçalves Paula, o Dr. Raul, que afirmou a interlocutores na época que não abriria mão de sua legenda.

A própria ida de Suéllen ao PSD não aconteceu sem atritos. Até porque a mandatária não apenas se filiou à legenda, mas também assumiu a direção da sigla - que até então era comandada pelo presidente da Câmara, Júnior Rodrigues (PSD). O parlamentar não escondeu o abalo na época, mas preferiu não se manifestar.

Coube justamente a Kassab apaziguar os ânimos na época. O secretário de Governo de Tarcísio de Freitas e também considerado "homem-forte" do Palácio dos Bandeirantes precisou se reunir com os dois para diminuir a tensão e garantir espaço na legenda a ambos.

O PL, ao mesmo tempo, também se movimenta. Suéllen chegou a ensaiar uma possível filiação à legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro no final de 2022, mas abriu uma crise com o deputado federal Capitão Augusto, vice-presidente nacional da sigla, porque teria tentado levar o partido à base do governo sem que o parlamentar fosse avisado.

A atitude incomodou Augusto, que desde então ordenou que o PL permaneça no campo da oposição. Ele próprio chegou a anunciar uma pré-candidatura à prefeitura - seu domicílio eleitoral é em Bauru, afinal -, mas tudo indica que a legenda vai lançar o nome do vereador Coronel Meira à disputa majoritária.

Numa entrevista ao Cidade 360º, uma parceria entre o JC e a 96FM, o deputado disse, por exemplo, que "o PL terá candidatura própria em Bauru. Não aceitamos sair como vice de ninguém. Não haverá composição nenhuma com a prefeita nesse sentido".

Na conversa, ocorrida em junho do ano passado, ele também criticou duramente o PSD e afirmou que o partido de Kassab é base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Congresso. "O único partido que se opõe ao PT é o PL. O PSD integra o Governo Federal e ajudou apenas o governador Tarcísio em São Paulo, mas em momento algum se posicionou em favor de Bolsonaro", argumentou.

CRISE

O Partido Liberal em Bauru chegou a passar por uma crise interna em outubro do ano passado. O ex-vereador Sandro Bussola, na época assessor parlamentar de Capitão Augusto, pediu demissão do cargo depois de uma série de atritos com o deputado federal.

Na época, Bussola - que hoje se aproxima do governo - encaminhou uma extensa mensagem a Augusto elencando as razões pelas quais decidiu deixar a assessoria do partido. Mas dois eventos levaram a crise ao estopim.

O primeiro foi uma visita da deputada estadual Dani Alonso a um congresso da igreja evangélica Restaurar para o qual também foram a prefeita Suéllen Rosim (PSD) e sua mãe, a presidente do Fundo Municipal de Solidariedade, Lúcia Rosim. Dani saiu do evento se sentindo desprestigiada, já que não foi chamada a subir ao palco.

Além deste episódio, também contribuiu para o ruído uma possível reunião articulada entre Augusto e o ex-deputado estadual Carlos Braga para a qual Bussola não foi convidado. "Isso demonstra minha exclusão do projeto. O senhor tem demonstrado desprezo por Bauru", disparou.

Ocorre, porém, que o atrito revelou uma outro episódio, até então desconhecido: Augusto e Dani Alonso convidaram o presidente da Câmara, Júnior Rodrigues (PSD), para ser candidato a prefeito. Ele recusou e alegou que uma medida nesse sentido seria um desrespeito à prefeita Suéllen Rosim, de cujo governo foi líder no Poder Legislativo.

Numa reunião nesta quarta-feira (24), aliás, Dani e Augusto voltaram a convidar Júnior Rodrigues para se filiar à legenda. O presidente da Câmara disse novamente que já está compromissado.

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2 COMENTÁRIOS

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  • ADRIANO A S ANDRADE
    26/01/2024
    Um par perfeito entre o pior governador bolsonarista com o que de pior que há como prefeita em Bauru. A cidade está suja, com remendos mal feitos em todas as vias e a saúde está uma catástrofe.
  • Coaracy Domingues
    26/01/2024
    \"Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou\" (Magalhães Pinto)