OPINIÃO

Os ensinamentos da ciência da administração

Por Reinaldo Cafeo | 18/01/2024 | Tempo de leitura: 3 min

O autor é diretor regional da Ordem dos Economistas do Brasil

A administração, enquanto ciência, data do início do século XX. Foi a partir os estudos de Taylor, um engenheiro norte-americano, que ela começou a ser estruturada. Não existiam, até este momento, operários especializados, e os produtos eram produzidos através do artesão.

De lá para cá muita coisa mudou. Administrar empresas, entidades do terceiro setor e o próprio setor público, passou a ser um desafio, visando combinar eficiência, menor dispêndio, ou seja, otimização no uso dos recursos visando bons resultados. No recorte do setor público, enganam-se aqueles que não devem ser implantados métodos científicos na gestão.

Quem se dispõe a governar, por exemplo, uma cidade, deveria partir de um bom planejamento estratégico. Afinal, qual o propósito de sua gestão à frente da prefeitura? Todos da equipe estão engajados neste propósito? Qual a linha de visão de sua gestão, ou seja, como recebeu a prefeitura e como entregará depois de sua gestão? A missão está clara? E não menos importante, quais são os valores defendidos por todos que são servidores públicos.

Um mapa estratégico bem elaborado, construído com os líderes de cada área, indo além do envolvimento, tendo sim comprometimento, com a devida publicidade, daria aos munícipes clareza de onde aquela cidade quer chegar.

Elaborar uma boa análise SWOT (FOFA), em que são analisados os ambientes interno e externo, forças e fraquezas, ameaças e oportunidades, garante entender a dimensão da gestão que se pretende estabelecer. Fazer um bom benchmark, buscando em outras prefeituras o que de bom está sendo realizado, também é uma tarefa necessária. Como só se avalia o que é medido, é imprescindível que sejam discutidos e analisados indicadores de desempenho.

E tem que ir além: tem que ser um verdadeiro contrato de resultados. Cada servidor tem que laborar visando atingir tais resultados, e para tanto, são necessários planos de ação utilizando o 5W2H, respondendo: o quê, quem, onde, por quê, quando, como e quando. E reuniões mensais, devem reunir os principais gestores, para uma avalição dos indicadores e estabelecimento mudanças, se necessárias, para atingir as metas fixadas.

No vácuo disso tudo, há questões operacionais importantes. Um gestor na essência, não pode, por exemplo, não entender de gestão dos estoques. Mesmo com as amarras do setor público, não é possível aceitar que insumos básicos, na área da saúde, por exemplo, faltem.

Enquanto o setor privado desenvolve e aplica técnicas de gestão de estoque como Just In Time, curva ABC, entre outros, com definição de estoque mínimo, tempo de reposição, análise da logística, prazo de validade, sugestão de compras, o setor público se perde na burocracia. Sabe qual o resultado? A população sofre, o que é pior, normalmente a falta de gestão afeta os mais carentes, aqueles que são assistidos pelo setor público.

Em pleno Século XXI, com a evolução da ciência da administração, não é razoável que falhas elementares continuem sendo a tônica de quem deveria cumprir a essência do seu cargo "servir" e gerenciar os recursos dos pagadores de impostos.

Se não cuidam do pouco, como cuidarão do muito? Claro que indicar planejamento estratégico para quem não consegue nem gestão de estoques, é querer um pouco demais. Mas não custa nada provocar os envolvidos para ver se reagem.

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