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BAURU
Nível de aquíferos regionais preocupa e disponibilidade hídrica tende a cair
Relatório do comitê Tietê-Batalha alerta para a captação de água subterrânea superior à capacidade dos reservatórios
Por André Fleury Moraes | 06/01/2024 | Tempo de leitura: 3 min
Viva Batalha/Divulgação
A crescente demanda regional pelas águas subterrâneas, representadas pelos aquíferos Guarani, Bauru e Serra Grande, tende a diminuir a oferta hídrica na bacia abastecida pelos rios Tietê e Batalha.
O alerta consta do último relatório de acompanhamento do Comitê da Bacia Hidrográfica Tietê-Batalha, divulgado no final do ano passado e que analisou a situação fluvial nos 51 municípios que fazem parte da bacia. O levantamento utilizou 2022 como ano-base.
O documento tem pouco mais de 30 páginas e adverte especialmente para o uso desenfreado dos aquíferos. Segundo o comitê, a relação entre a vazão das águas subterrâneas outorgadas (permitidas) e as reservas exploráveis atingiu 107,1% - isto é, uma capacidade acima do limite suportado pelos aquíferos.
"A partir dos resultados apurados, a situação aponta para a necessidade de monitoramento constante", ressalta o relatório.
O problema não é de hoje. Desde 2018 o comitê alerta para o aumento da exploração profunda. A relação entre exploração e capacidade suportada pelos aquíferos já superava 50% naquela época e aumentou a partir de então.
A advertência do comitê reflete também a recente investigação aberta pelo Departamento de Água e Esgoto (DAE) de Bauru sobre a suspeita de diminuição da reserva hídrica dos aquíferos dos quais poços de Bauru captam água.
Como noticiou o JC, as recentes queimas de bomba de captação acenderam alerta na autarquia, que avalia uma possível redução do nível do Aquífero Guarani, responsável pela produção dos poços mantidos pelo DAE.
Desde 2021, o atual governo perfurou ou reativou oito poços na cidade, totalizando 41 unidades, o que fez com que a dependência do Rio Batalha para abastecimento de água no município fosse reduzida de 31% para 26%.
Presidente da autarquia, o engenheiro Leandro Joaquim chegou a sinalizar durante uma audiência na Câmara que a redução no aquífero, ao que tudo indica, será confirmada.
SUPERFICIAIS
O relatório do comitê Tietê-Batalha abordou também o manejo das águas superficiais que abastecem a região. Compõem essa lista os rios Tietê, Batalha e São Lourenço, os ribeirões dos Porcos e do Fugido e o córrego Grande.
Esses reservatórios respondem por 70% do abastecimento da bacia hidrográfica da qual Bauru faz parte. O levantamento considera "condições favoráveis" de reservas superficiais de água.
Aponta, porém, para a crescente demanda pelo recurso ao longo dos anos e alerta para a disponibilidade hídrica em três mananciais: os rios Batalha e São Lourenço e o Ribeirão dos Porcos.
No caso do Batalha, pontua o levantamento, preocupa também a ausência de uma política de recomposição da mata ciliar do rio, problema que faz o nível de qualidade da água cair.
Em 2017, por exemplo, a captação total autorizada pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), órgão vinculado ao governo estadual, era de 8,18 metros cúbicos por segundo em águas superficiais e 3,94 metros cúbicos por segundo nas águas subterrâneas.
Em 2022, os índices de captação superficial e subterrânea outorgados subiram para 22,84 m³/s e 9,64 m³/s, respectivamente. A maior parte dos recursos hídricos é utilizada na zona rural, que representa 25,43 m³/s do total usado. O abastecimento à população na bacia corresponde a 3,27, revela o levantamento.
A demanda só cresceu, no entanto, porque o número de permissões de captação hídrica também disparou. Segundo o comitê, a razão desse aumento está na implementação do Sistema de Outorga Eletrônica (SOE), recurso do DAEE que alterou o procedimento para o requerimento de autorizações e agilizou o processo.
"Em resumo, no período 2018 a 2022, observam-se aumentos de 98% da demanda superficial total outorgada e de 72% para a demanda subterrânea", ressalta.
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Jorge Hamilton Quatrina
06/01/2024