BALANÇO

Suéllen celebra avanços, mas admite impasse sobre projetos estruturantes

Prefeita faz um balanço do ano em entrevista ao JC, critica a oposição e diz que não teria interesse em hackear adversários

Por André Fleury Moraes | 30/12/2023 | Tempo de leitura: 6 min

Guilherme Matos

A prefeita Suéllen Rosim (PSD) durante entrevista ao JC
A prefeita Suéllen Rosim (PSD) durante entrevista ao JC

A prefeita Suéllen Rosim (PSD) chega ao seu último ano de mandato celebrando avanços sobre obras de zeladoria urbana e infraestrutura, a exemplo de asfalto, revitalização de prédios antes precários ou a compra de novos maquinários. Mas enfrenta dificuldades - e ela mesma admite isso - quando o assunto diz respeito a projetos considerados estruturantes para Bauru, cujo efeito é sentido a longo prazo.

Em entrevista ao JC concedida na quinta-feira (28), a mandatária voltou a adiar a ideia de uma atualização do Plano Diretor, cujas audiências públicas ela pretende começar em 2024, reconheceu que o tema, assim como a Lei de Zoneamento, é "complexo" e admitiu preocupação com a concessão do sistema de esgoto do município.

Suéllen também comentou o caso envolvendo o hacker de Araçatuba, disse que o espaço dado a um criminoso a espanta e defendeu também o projeto que cria 14 novos secretários adjuntos. A seguir, os principais trechos da conversa.

JC - A senhora chega ao último ano de governo com uma equipe mais política do que técnica na comparação com quando assumiu. Principalmente com as mudanças deste ano, com Arnaldo [Ribeiro] e Renato Purini. A que se devem essas alterações e como a sra. as enxerga?

Suéllen - Eu acho que a equipe continua mais técnica do que política. Temos um volume grande de servidores de carreira no comando das secretarias, são pessoas qualificadas. Mas ao longo do tempo a gente percebe que existem áreas da prefeitura nas quais você precisa de alguém que, para além do fator técnico, tenha o fator político. São os espaços que exigem mais articulação, por exemplo, e essas mudanças são naturais.

JC - Daí surgiu a necessidade de se criar secretários adjuntos, como prevê um projeto enviado à Câmara?

Suéllen - Na verdade temos de pensar assim: o PL foi enviado para suprir os cargos derrubados naquela Adin ajuizada pelo Ministério Público. Então o primeiro escopo do projeto é esse, suprir o que temos. A ideia de colocar os adjuntos vem ao encontro com o que outras prefeituras e o próprio Estado têm, mesclando critério técnico com político. Há ocasiões em que o secretário tem de ficar o dia todo na Câmara e o adjunto, por sua vez, conseguiria fazer a máquina [pública] rodar.

JC - O projeto enfrenta resistência na Câmara, tanto que não foi votado até o momento. Não faltou um pouco de diálogo com o Legislativo nesse caso? Até porque a criação dos adjuntos consta de um projeto substitutivo, enviado em cima de outro, e pegou os vereadores de surpresa.

Suéllen - Não acho. A maioria dos vereadores está por dentro do que cada projeto precisa, todos sabem a sua importância. O que temos de fato é uma oposição que gosta de tumultuar qualquer proposta que a gente envie. Mas não é novidade para ninguém isso. A Adin está correndo há quantos anos, afinal?

Algumas ações do governo neste ano reduziram o déficit atuarial da Funprev. Mas a própria administração admite que as medidas ainda não são suficientes. Existe a possibilidade de uma reforma?

Não sou eu e nem outro prefeito que vai resolver o déficit da Funprev. Temos de equacionar ano a ano. O que podemos fazer para não penalizar o servidor nós fazemos. Estamos num pós-pandemia. Imagina fazer mudanças bruscas nesse momento? Eu trabalhei o máximo que pude para evitar uma reforma, mas nem sabemos se uma reforma resolveria o problema.

JC - A sra. já falou que "não adianta arrumar a casa se não puder usufruir dela", numa sinalização para a disputa à reeleição. A essa altura, já podemos considerá-la pré-candidata

Suéllen - Isso vamos definir a partir de abril. Já disse que penso em disputar, mas só vamos definir isso a partir de abril.

JC - A sra. se arrepende de algum episódio deste ano?

Suéllen - Acho que não. Penso sempre que escolhi o melhor caminho possível nas situações com as quais me deparei. A verdade é que a lista de coisas boas é muito maior. Retomamos obras em 2023, abrimos novas escolas, fizemos manutenção onde não tinha e ampliamos a equipe de manutenção, substituímos maquinário, estendemos horários de unidades de saúde, substituímos lâmpadas LED, fizemos obras de recape, licitamos o ar-condicionado do teatro municipal e outras coisas.

JC - O projeto da concessão do esgoto, cuja votação ficou para o ano que vem, aparenta enfrentar uma certa resistência no Legislativo. Tanto que a análise do PL foi adiada. Qual é a expectativa da sra. com relação ao texto?

Suéllen - Esse não é um projeto da Suéllen, mas um projeto para Bauru. Essa resistência é da oposição, que obstrui qualquer coisa que passa pelo Legislativo, isso é fato. A gente entende a importância da retomada dessas obras. Da ETE, por exemplo. Me preocupa esse adiamento. Se [a concessão] não vingar, vamos pedir ajuda para gente maior do que nós, com o Universaliza [programa do governo estadual]. Tenho esperança de que nesse início de ano todos nós possamos dar as mãos e apoiar essa iniciativa.

JC - Em que pé estão o Plano Diretor e a Lei de Zoneamento?

Suéllen - Essa é uma situação complexa. Estamos finalizando a contratação de uma empresa para revisar esses dois projetos. Nosso objetivo é que pelo menos as audiências públicas comecem neste ano de 2024.

JC - A sra. falou no início do ano ao Ministério Público o projeto do Plano Diretor em abril de 2024. Depois recuou e disse que encaminharia no início deste ano. Em seguida, durante uma entrevista ao JC, afirmou que queria começar ao menos as audiências em 2023. Agora, em contrapartida, aposta no início das audiências em 2024. Isso não gera uma certa preocupação?

Suéllen - O MP tem acompanhado isso. Tudo é muito bem esclarecido. Só lembrando que Bauru não está sem Plano Diretor ou Lei de Zoneamento. Nós temos, mas os textos estão desatualizados.

JC - Tivemos nesta quarta o depoimento do hacker que teria sido contratado pelo seu cunhado para monitorar desafetos do governo. A sra. já negou participação no caso por meio de nota. Mas a sra. chegou a conversar com o Walmir [cunhado] depois de tudo isso?

Suéllen - Eu separo muito as coisas. Primeiro de tudo, ficou muito claro que o depoimento tentou me envolver em algo que eu não estou envolvida. Quem tem de responder isso e responder às pessoas certas é o Walmir. Me espanta um criminoso ter tamanho espaço sem provas. Ele foi fazer um show querendo jogar nas minhas costas uma coisa que está na polícia de Araçatuba. O que existe é uma tentativa da oposição de tentar encontrar problemas em nosso governo. É uma caçada insana, principalmente no que diz respeito à minha família.

JC - Mas o Walmir chegou a admitir contato com ele.

Suéllen - Ele se pronunciou em nota, e a nota dele deve ser referência de vocês. O que posso dizer por mim é "não sei, não conheço, nunca falei". Jamais teria interesse em nenhuma dessas supostas vítimas.

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2 COMENTÁRIOS

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  • luis roberto romero
    30/12/2023
    SÓ SEI QUE TODA REELEIÇÃO NÃO DÁ CERTO, PARECEM QUE JÁ NÃO QUEREM FAZER MAIS NADA. TEMOS EXEMPLOS DE SOBRA, EM BAURU E EM TODO O BRASIL.
  • Rodrigo
    30/12/2023
    Eu acho muito estranho a prefeita querer avançar alguns projetos que estão sendo feitos de qualquer jeito. E quase todo projeto dela tem falhas. A escola que ela entregou não resolveram o problema dos pombos, o esgoto ela quer empurrar para população pagar. Muito estranho. Não votarei na Suelen, ela só faz live.