OPINIÃO

Mestres para sempre

Por Alexandre Benegas | 19/10/2023 | Tempo de leitura: 2 min

O autor é professor de Língua Portuguesa

Inegável a responsabilidade em nossas vidas. Na infância, adolescência ou vida adulta, heróis sem capa com sublime missão de transformar, por meio do conhecimento, a vida das pessoas. Guerreiros de justa causa. No lugar da espada, gizes, lápis, canetas. O escudo? Livros. Na couraça peitoral, um jaleco branco empresta-lhes lição de artigo definido. Mestres que povoam formas, sacodem movimentos, recolorem sonhos interrompidos, renovadores que são da criação envelhecida. Mestres que, no tempo e no espaço, se eternizam em nossas vidas.

Saudoso Sica, obrigado pelas aulas de Botânica, sobretudo pela sabedoria das heliófitas e umbrófitas. Em dias que acordamos em estado de rascunho, oportuno recepcionar a primeira fresta do dia como uma palavra disposta a entrar no poema. Em outros, entender que na sombra exilam-se sossegos merecidos. Relvas, obrigado pelas aulas de Genética.

Dominante ou recessivo, você, isso mesmo, você desejava bons dias aos alunos que notam os pais se enrugando aos poucos e sabem-se sulcos daquela pele. Paulo Neves, obrigado por fazer história em nossas vidas. No teatro, nas aulas, no curso de atualidades, o senhor é um emocionário!

Léa, que saudade! A senhora me obriga a usar pretéritos. Maria do Carmo, obrigado pelas aulas sobre Fernando Pessoa. Muitos inquilinos pra uma só construção! Vera Casério, elegância na alma e no ofício! Vera é verbo de ligação. É, está, permanece sempre disposta a inventar um pôr de sol num dia chuvoso. Vera da Cás, muito obrigado pelas aulas de Gramática e Redação. Exclamações são necessárias pra quem ensinou a me expressar como advérbio de intensidade.

Cinthia Ramazzini, obrigado por me ensinar os degraus da leitura. Hélio Requena, magister! No Latim e na Língua Portuguesa, agradeço-lhe por ser um sujeito composto em nossas vidas. Mestre em flagrante comprometimento com o saber, sempre arrebatado pelo encanto de suas flores. Luiz Vitor Martinello, muito obrigado por poetizar nossos dias. Você tem razão: os anjos mascam chicletes.

Meus avós que educaram meus gestos para o carinho. Meus filhos, Fernando e Luiza, que ainda me dão a oportunidade de tropeçar na infância e ralar braços e joelhos com lágrimas adultas de saudade.

Por tudo que sou, minha gratidão aos meus principais mestres: meus pais, Vandir e Ana, que me ensinaram a caminhar sem sapatos e a viajar para dentro sem a necessidade de mapas.

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