OPINIÃO

Anhanguera migra para EAD

Por Wellington Anselmo Martins | 25/12/2022 | Tempo de leitura: 2 min

Mestre em Comunicação, mestre em Filosofia, especialista em História, graduado em Filosofia e Pedagogia

As novas tecnologias revolucionaram o modo de vida nas sociedades deste início de 3º Milênio. O mundo aprofunda a fase do capitalismo informacional (cf. Manuel Castells, "A sociedade em rede"). Destarte, seria impossível conservar a educação exatamente do jeito antigo, com as carteiras, a lousa, o giz, o professor em pé, os alunos sentados enfileirados etc. Com tal emergência informacional, ocorrem diversas transformações culturais e surgem também novos instrumentos de interação e de trabalho (cf. Jürgen Habermas, "Técnica e ciência como ideologia"). A educação a distância (EaD), por meio das tecnologias digitais de informação e comunicação (TDICs), é um desses recentes meios que podem ajudar na administração e democratização dos saberes humanos.

Além da Anhanguera, muitas outras universidades públicas e privadas, no Brasil e mundo afora, estão migrando para a EaD ou para modelos híbridos que revezam o presencial e o on-line. Esse processo já vinha ocorrendo antes da pandemia de Covid-19, mas a expansão do uso profissional e educacional da internet foi ainda mais acelerada pelas experiências digitais da quarentena. Ou seja, não se trata de uma mudança pontual, que interessa apenas a restritos grupos de pessoas, empresas ou governos. A cibercultura é um emergente e globalizado procedimento ético, social, político, tecnológico e econômico que vai marcar profundamente este século XXI e, decerto, ainda mais os séculos vindouros (cf. Pierre Lévy, "A inteligência coletiva").

Um dos desafios dessa nova realidade é fazer com que durante a crescente digitalização das relações humanas trabalhistas e escolares se garanta, também, que aumente o respeito e a valorização entre as pessoas. Em meio a tanto, há o desafio de reformular as profissões. Por exemplo, no caso da EaD, os novos professores precisam ser formados para o uso eficiente e humanizado das novas TDICs. Ora, pois mesmo em meio a este agitado e original momento do ensino-aprendizagem, uma certeza básica é possível assegurar: não existe educação de excelência sem excelentes educadores (cf. Paulo Freire, "Cartas a quem ousa ensinar"). É necessário, por isso, garantir a valorização dos ciberprofessores e a sua adequada capacitação.

Mudanças e digitalizações como a da Anhanguera, então, serão cada vez mais comuns na próxima década. Não é exclusivamente a educação que se insere em um mundo on-line, visto que várias outras esferas da vida, pública e privada, têm migrado para uma interação e trabalho por meio de computadores, smartphones, internet etc. Resta qualificar a forma e o conteúdo dessa nova educação e nova sociedade do Terceiro Milênio, pois, quer por meio de lousas antigas ou digitais, o objetivo da educação democrática ainda é humanizar o aluno, desenvolvendo-o para construir uma digna vida subjetiva, social e profissional.

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