Sabe o que é um ponto cego? É aquele local do qual não temos visão devido à obstrução de algum obstáculo. No caso de um automóvel, os obstáculos visuais mais freqüentes podem ser o próprio espelho retrovisor interno (que apesar de nos dar uma razoável visão traseira, parcialmente impede a visão à frente pelo parabrisa), as colunas laterais das portas e teto, apoios de cabeça, paralamas, etc. São pontos que não podem ser removidos e temos que conviver com eles, mas nada tão drástico que um simples movimento lateral da cabeça não resolva.

Para frente e para os lados, o movimento do pescoço é o suficiente, mas para trás precisamos do auxílio dos espelhos retrovisores. Normalmente são três sendo um interno no centro superior do parabrisa e outros dois externos nas portas, no vértice inferior dianteiro do vidro. Sua finalidade é nos proporcionar uma relativa visão traseira num leve movimento ocular, sem perder o campo de visão frontal durante a direção.

O espelho interno deve ser regulado com o motorista sentado na posição ideal, de forma que sem mexer a cabeça possa ter visão completa do vidro traseiro. Deve ficar na posição paralela ao teto e não inclinada, como alguns motoristas antigos fazem ainda hoje. Caminhões e algumas picapes podem até dispensar este espelho caso a carga obstrua a visão traseira, tornando-os inoperantes, mas todos automóveis os têm.

Já os retrovisores externos precisam ser regulados de forma específica, o que poucos fazem corretamente. Quando o espelho é plano, a imagem aparece na mesma proporção de tamanho do objeto real, mas o campo de visão é pequeno devido ao tamanho e geometria do espelho. Este é o padrão para o espelho do motorista. Já o do lado do passageiro pode ser ligeiramente abaulado ou convexo, o que faz com que a imagem seja um pouco menor do que o real, mas amplia o campo de visão. Por estar do lado do passageiro é bom que mostre uma área mais ampla apesar da redução do tamanho, mas do lado do motorista o ideal é que o tamanho seja real para não afetar nossa percepção de distância. Quanto menor for a imagem, nos parece que o objeto está mais longe e pode confundir o motorista em uma manobra.

É comum vermos que as pessoas regulam os espelhos de forma que a lateral do carro apareça e sirva de referência visual de posição, o que dá uma falsa sensação de segurança. Isto é totalmente errado e desaconselhável. Em primeiro lugar, a lateral do carro nunca irá ultrapassá-lo e sempre estará no mesmo lugar, portanto não precisa ser vista a todo o momento. Como o campo de visão do espelho é de um determinado grau e este é constante, se perdemos um espaço vendo nosso próprio carro não vemos o resto que nos circunda, não é lógico? Assim, deixamos de ter acesso à visão lateral onde passam carros, motos e pedestres. Criamos um ponto cego desnecessário e perigoso. O correto é regular o espelho do motorista estando este sentado na posição ideal de dirigir. Regule verticalmente o espelho colocando a imagem de forma a ver paralelamente para trás. O ajuste horizontal deve ser feito primeiro colocando a lateral do carro na imagem e depois, abrindo-a para fora de modo que a lateral desapareça. Neste momento, atingimos o maior campo visual possível e aumentamos a segurança, nossa e dos outros.

Espelhos elétricos são práticos para carros que tem vários motoristas. É sempre aconselhável que cada motorista regule tanto o banco quanto os espelhos para sua posição de dirigir e, neste caso os espelhos elétricos são bem mais práticos. Mas no caso de um único motorista, regula-se uma vez e só, sendo portanto um acessório desnecessário. Os carros mais modernos têm retrovisores externos rebatíveis, que se dobram quando sofrem um impacto. Isto foi feito para evitar traumas em atropelamentos, porém são mais úteis em encontros motociclísticos inesperados...