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Dr. Automóvel: Quando trocar o catalisador

Consultoria: Marcos Serra Negra Camerini*
| Tempo de leitura: 4 min

Fale a verdade... Já pensou alguma vez na vida em trocar o catalisador de seu carro? Pois é, a grande maioria nunca pensou nisso, só mesmo se foi obrigado a fazê-lo. Como sempre digo, todos os componentes de um veículo, seja ele um automóvel, caminhão, picape, jipe, moto, avião ou trem precisará ser um dia substituído, reparado ou restaurado. Nada é perene, nem nós.

O catalisador automotivo já foi assunto específico de nossa coluna em 2006 e veio à baila em inúmeras outras matérias. Isso porque ele tem uma participação significativa no controle de emissões de gases nocivos na atmosfera. Só que infelizmente a grande maioria pensa em si mesmo e em seu bolso, não na coletividade ou no ar que seus netos irão respirar.

O próprio governo também não faz a sua parte. Afinal, por que tanta demora em colocar pra valer a vistoria automotiva e tirar de circulação essas aberrações ambulantes que rodam por aí sem segurança alguma, amarrados com arame e faltando de tudo, desde freios até lâmpadas e poluindo uma barbaridade com seus motores fundidos e fumacentos? Ficar com dó dos seus donos com o argumento que “eles precisam do carro para seu trabalho e não podem comprar um melhor” nunca foi desculpa, é sim um populismo imbecil. Estes carros velhos geralmente não estão licenciados e são usados em péssimas condições, causando uma infinidade de situações críticas de segurança no trânsito, como comprovado pelas estatísticas oficiais da polícia. A função do governo (municipal, estadual ou federal) seria encontrar uma solução adequada para esta situação, retirar as sucatas rodantes de circulação e prover condições para que o antigo proprietário possa ter um carro melhor. O que precisa sempre é prover condições de trabalho, ganho e sustento para o cidadão, e não ter dó e dar bolsa esmola por aí e deixar tudo como está.

Voltando ao catalisador, são usados em nossos veículos novos desde 1993. Eles têm uma vida útil de mais de 100.000 km, sendo 80.000 só de garantia de fábrica e desta forma dificilmente são trocados pelo primeiro proprietário do carro, que geralmente troca por outro novo antes de atingir esta quilometragem. Mas os próximos donos o usam até o carro cair aos pedaços e realmente só trocam o catalisador em último caso. O elemento cerâmico interno do catalisador, por ser frágil, não deve sofrer pancadas pois pode quebrar. Tenha cuidado sempre ao passar por lombadas ou cair em buracos, evite raspar o fundo do carro. Sempre que for trocar o óleo, por exemplo, dê uma leve pancada com a mão no catalisador. Se ouvir barulho de caquinhos soltos dentro, é sinal de que a cerâmica está quebrada e inoperante e tem que trocar o conjunto, pois não dá conserto. Faça regularmente uma análise de gases de escape.

Não existe catalisador “genérico”. Existem alguns usados com “meia vida”, se é que podemos classificar assim, retirados de carros batidos mas ninguém comprova sua “saúde” na hora de vender uma peça usada. Como são componentes caros e extremamente importantes no controle emissões e de poluição ambiental, devem ser usados modelos específicos para cada carro. Os espertinhos querem economizar e na eventualidade de ter que trocar o catalisador, preferem colocar um fajuto (oco por dentro) para enganar o guarda ou simplesmente removê-lo, colocando um tubo reto no lugar. O primeiro sintoma da falta de catalisador no veículo, seja por quebra do elemento cerâmico, fim da vida útil eu remoção pura e simples do componente, é a perda de força do motor. Este foi concebido e regulado para funcionar adequadamente usando um catalisador e nada o fará compensar a falta deste. O segundo sintoma é o conseqüente aumento de consumo de combustível, pois a sonda lambda do sistema de injeção fará uma leitura errada e o consumo será exagerado. Bem feito para o espertinho...

Uma alternativa na troca de catalisador é comprar um do mesmo fabricante original com vida menor, projetados para durarem 40.000 km. Seu preço cai pela metade, porém com a mesma capacidade de conversão catalítica. É uma boa solução na reposição, mas é claro que as montadoras rejeitam, pois querem vender os originais. O importante é ter um que funcione.

Um bom controle de emissões precisa de uma inspeção veicular adequada e rigorosa, sem jeitinhos e propinas. Tá ruim então rejeita, não renova a licença até resolver a situação, manda consertar e tira de circulação. E lacrar o catalisador no carro, pois tem gente que troca com um amigo só para a vistoria e depois retira... É o bem comum que tem que vir antes do individual.

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