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Bauru terá nove casas para deficientes até final de 2013

Tisa Moraes
| Tempo de leitura: 3 min

Éder Azevedo

Lar Escola Rafael Maurício retomará atendimento neste ano em cinco casas

Até o final deste ano, Bauru deverá contar com nove residências inclusivas voltadas para pessoas com deficiência intelectual. Duas delas serão inauguradas hoje pela Secretaria do Bem-Estar Social (Sebes), para receber 20 abrigados, sendo dez homens em uma e dez mulheres em outra (leia mais abaixo).

Além dessas, a cidade já possui duas casas sob o mesmo modelo de atendimento mantidas pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). Outras cinco ficam no Lar Escola Rafael Maurício, que promete retomar o atendimento ainda neste ano.

A entidade foi fechada em meio a uma crise financeira, em maio de 2011, por determinação judicial, após a Promotoria da Infância e Juventude propor ação de dissolução da unidade. Na época, cerca de 50 internos viviam

Neide Carlos

Darlene Tendolo destaca que residências obedecerão a um modelo nacional

no lar. Hoje, são apenas três, que se recusaram a sair do local e, hoje, ocupam apenas uma das casas.

“Ainda não sabemos quantos abrigados teremos condições de receber. A partir de agora, nossa prioridade é o atendimento com excelência”, comenta a vice-presidente da entidade, Renata Dias da Silva Rocha.

Para voltar a prestar o serviço, ela destaca que a instituição ainda precisa sanar suas dívidas e, assim, ter condições de firmar novos convênios com município e governo do Estado. “Vamos analisar o que eles poderão nos propor. Está tudo caminhando dentro do programado, estamos negociando com nossos credores e voltaremos à ativa, com certeza, ainda neste ano”, pontua.

João Rosan

Catarina Carvalho: “Muitos deficientes vivem em condições de insalubridade”

A Sebes informa não ter ideia da demanda existente por residências inclusivas para deficientes atualmente em Bauru. O levantamento sobre o tema ainda está sendo realizado para a implantação de novas unidades do serviço.


Modelo nacional

As duas residências que serão inauguradas na manhã de hoje serão mantidas pela Associação Beneficente Cristã (Paiva) com recursos dos governos federal, estadual e municipal. O repasse mensal oriundo da União será de R$ 20 mil, o Estado enviará R$ 10 mil e a prefeitura arcará com R$ 18.320,00, totalizando R$ 48.320,00.

Em reformas, compra de móveis e equipamentos para o funcionamento das unidades, o município investiu mais R$ 60 mil. Instaladas no Jardim Bela Vista, elas abrigarão jovens e adultos com deficiência, em situação de risco pessoal e ou social, cujos vínculos familiares estejam rompidos.

“Elas funcionarão dentro dos moldes estabelecidos pelo governo federal, porque fomos contemplados por esta parceria após apresentação do plano (de Reordenamento do Serviço de Acolhimento Institucional em Residência Inclusiva, em consonância com o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência)”, observa a titular da Sebes, Darlene Tendolo.

Ao todo, as duas unidades contarão com um coordenador, um assistente social técnico, um fisioterapeuta, dois psicólogos e 16 educadores sociais.


‘Soube de deficiente comendo do lixo’, afirma diretora de entidade assistencial

Embora a Secretaria do Bem-Estar Social (Sebes) afirme que ainda não conhece a demanda por residências inclusivas voltadas para pessoas com deficiência intelectual, Catarina Carvalho, diretora pedagógica da Associação de Pais para a Integração Escolar da Criança Especial (Apiece), informa que muitas ainda vivem em condições de insalubridade.

“Conheço pelo menos cinco. Elas ainda estão com a família, em imóveis precários e sem receber a atenção necessária”, lamenta. No caso mais recente, um ex-abrigado da própria instituição, de 20 anos, foi visto se alimentando de restos de lixo orgânico no Núcleo Fortunato Rocha Lima.

Ele havia deixado de frequentar a Apiece no final de outubro do ano passado por descaso da mãe, que se tornou usuária de drogas. “Ele e os irmãos estavam sem comida, sem banho, num local insalubre. As condições eram bastante críticas, mas não tínhamos como tirá-lo de lá sem autorização da mãe. Fomos cerca de 15 vezes à casa dele e ela nunca estava”, comenta.

Na última segunda-feira, por vontade própria, o jovem procurou a associação e, agora, além de voltar a frequentar o serviço durante o dia, passou a morar provisoriamente na casa de uma irmã, onde passou a ter melhores condições de vida.

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