Dentro da água, o cuidado precisa ser redobrado para evitar apuros. Segundo o Corpo de Bombeiros, quando a pessoa não consegue emergir de um rio, lagoa ou piscina, bastam apenas alguns segundos para que comece a se afogar.
Por conceito, o afogamento tem início no momento em que uma pessoa é incapaz de manter boca e nariz acima da água – e não quando ela ainda consegue gritar por socorro. A partir de então, a vítima passa a ter uma resposta instintiva, em que não possui condições de falar e começa a fazer movimentos involuntários, controlados pelo sistema nervoso autônomo.
Esta resposta dura de 20 a 60 segundos, depois dos quais a pessoa afundará se não for socorrida. Quando não consegue mais manter as vias aéreas livres de líquido, a água que entra na boca começa a ser engolida.
A resposta consciente imediata é tentar segurar a respiração, mas esta tem a duração de não mais do que um minuto. Quando então a necessidade de respirar é demasiadamente forte, certa quantidade de água é aspirada pelas vias aéreas.
“Se a pessoa não é resgatada, a aspiração de água continua e, sem oxigênio no cérebro, ela acaba perdendo a consciência. Neste momento, a glote (que permite a saída e entrada de ar para os brônquios e pulmões) pode fechar, mas sem oxigênio, a vítima vai sofrer parada respiratória e, em seguida, cardíaca”, explica o tenente Cláudio Augusto Antunes da Silva, oficial de relações públicas do Corpo de Bombeiros de Bauru.
Riscos
De acordo com ele, os acidentes acontecem por diversos motivos. Um deles é o fato de as pessoas menosprezarem a correnteza dos rios ou a profundidade do local onde há água.
“Muitas vezes, em lagos e rios, não se enxerga o fundo, onde pode haver buracos profundos mesmo nas áreas mais rasas. Se a pessoa não souber nadar, pode cair e não conseguir voltar”, observa. Galhos de árvores e cipós enroscados também são armadilhas que podem prender as pessoas no fundo da água.
Já a alimentação em demasia pode provocar mal-estar e a ingestão de bebida alcoólica, prejuízo de reflexos e excesso de coragem para aqueles que não sabem nadar.
“As crianças também precisam estar o tempo todo sob supervisão de adultos. Qualquer descuido pode levar a mortes”, ensina. São dicas básicas que, se seguidas, podem garantir a segurança de quem pretende se refrescar durante os dias de calor.
Calor segue até o fim de semana
O tempo deverá continuar favorável ao lazer na água ao menos até o fim de semana. Segundo o Instituto de Pesquisas Meteorológicas (IPMet) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), de hoje até domingo os dias permanecerão quentes e sem previsão de chuva. As temperaturas máximas irão superar a casa dos 30 graus e as mínimas permanecerão, em média, em 15 graus.
Além do cuidado na hora de nadar em rios, lagos e piscinas, a umidade relativa do ar também demanda atenção. De acordo com a meteorologista Rita Cerqueira Lopes, do IPMet, o índice, até o final da semana, deve permanecer abaixo de 30%.
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Quinta da Bela Olinda representa maior risco, segundo Defesa Civil
Com aproximadamente 60 mil metros quadrados de área, a lagoa da Quinta da Bela Olinda é o local onde os afogamentos são registrados com maior frequência em Bauru. Em entrevista recente ao JC, o coordenador da Defesa Civil de Bauru, Álvaro de Brito, explicou que o alto índice de mortalidade na lagoa da Quinta da Bela Olinda deve-se a duas características do local: o sedimento que compõe o fundo da lagoa e o terreno irregular.
“Ela é composta por um sedimento pegajoso. Assim, a pessoa pode ficar presa e se afogar. É como se fosse uma areia movediça”, explica Brito. Em relação à irregularidade existente no fundo da lagoa, ele explica que, mesmo nas proximidades da margem, há grandes variações de profundidade.
“A pessoa pode estar em um lugar que dá pé e, poucos metros à frente, encontrar um buraco enorme. Há alguns anos, foi feito um mapeamento que apontava locais com profundidade de mais de 7 metros”, conta.
Além disso, a lagoa tem uma grande quantidade de entulhos – arames farpados e até carros e motos - depositados, o que serve de armadilha para os banhistas. “Além de muitos que fazem churrascos, já encontramos pessoas fazendo feijoada na beira da lagoa. Muitas acabam de comer e entram na água, o que pode ocasionar em uma forte congestão e em afogamento”, alerta Álvaro de Brito.
Apesar de terem sido instaladas placas apontando o perigo do local, muitas dessas sinalizações já foram destruídas por vândalos, o que intensifica o perigo. O problema é tão gritante que, em 2010, até o Ministério Público (MP) interferiu na questão, cobrando mais segurança.