A ciência da psicanálise ajudou explicar a mente e comportamento humano, mudando nossa compreensão do mundo. O pai da psicanálise foi Sigmund Freud (1856-1939), um austríaco que se achava alemão, mas renegado, assumiu sua origem judaica.
O caro amigo ficou indignado: explodiram caixas eletrônicos de dois bancos na pequena cidade do Espírito Santo do Turvo com quase 5 mil habitantes. Nestas cidades, todos são amigos ou parentes, do prefeito ao simples cidadão.
A indignação não era pelo roubo, mas pelo depois da explosão: os ladrões espantados fugiram, mas habitantes ensandecidos acorreram para o local e furtaram o dinheiro. No momento da chegada da polícia, as prisões em flagrante foram para uma mulher, uma pacata cidadã como cantaria o Skank, com R$ 22 mil nas mãos, outro com R$ 15 mil e duas outras pessoas com R$ 3 mil cada.
Bandidos fugiram e “pacatos” cidadãos presos inafiançáveis. O amigo Jabbour escreveu: Inacreditável! Antes estavam como pessoas comuns na quitanda, praça ou quintal! A cena seria comédia ou tragédia no filme da vida! Eu fiquei indignado com a indignação do amigo! Aprendi cedo a olhar o mundo pelos olhos de Freud: o que move o mundo é o sexo ou dinheiro! Feliz ou infelizmente.
Por sexo entenda-se: casamento, namoros, filmes, sites, revistas e canais adultos; inclui-se medicamentos, cosméticos, modelamentos, bronzeamentos, roupas, etc. Por dinheiro: propriedades, barcos, carros, viagens, roupas, restaurantes, palacetes, rejuvenescimentos, plásticas, festas, etc. Millôr escreveu: tá bom, não é só sexo e dinheiro, vamos acrescentar o tilintar das palmas, ou vaidade! Quantos pacatos cidadãos tem acesso às coisas dessas listas! E quantos de tilintar de palmas já tiveram em suas vidas? Não querem apenas pão e água, querem circo, diversão, prazer e muita vontade de aparecer para serem desejadas!
Freud desenvolveu a teoria psicanalítica que sustenta a origem da neurose na sexualidade infantil. Em 1.890 publicou “A interpretação dos sonhos” e centrou seus estudos do comportamento psicológico e psicopatológico no papel da sexualidade sobre o inconsciente. A indignação de Jabbour me remeteu a Freud, um cientista que efetivamente mudou o modo de vida e o pensamento humano. Pincei frases de uma de suas últimas entrevistas:
1. A velhice chega para todos e não me rebelo contra a ordem universal, aprendi a aceitar a vida com alegre humildade. Desfrutei de muitas coisas como a camaradagem de minha mulher, filhos e do pôr do sol. De vez em quando tenho a satisfação de apertar uma mão amiga. Em algumas ocasiões encontrei seres humanos que quase chegaram a me compreender. Que mais pedir?
2. A fama chega depois da morte e o que ocorrer depois da minha não me preocupa. Não desejo a glória póstuma. Interessa-me muito mais esta planta do que qualquer coisa que possa ocorrer quando estiver morto.
3. Quando alguém percebe o egoísmo por trás de toda conduta humana, não sente o menor desejo de renascer. A imortalidade não me interessa. Me satisfaz saber que a eterna moléstia de viver, chega finalmente ao fim. Nossa vida é composta de uma série de compromissos, uma luta sem fim entre o ego e o seu entorno.
4. A história é uma velha plagiária e se repete sempre. Quando há uma descoberta, inicialmente os doutores se opõem impetuosamente a toda verdade nova. Depois, tende a monopolizá-la.
5. Compreender tudo, não é perdoar tudo e a psicanálise ensina o que devemos evitar. A mesquinharia é a maneira que o homem tem para vingar-se da sociedade pelas restrições que lhe impõe. É o sentimento vingativo que anima o reformista e o fofoqueiro. Um animal selvagem pode nos cortar a cabeça, mas nos poupará das pequenas e contínuas ferroadas que faz a vida quase intolerável.
6. Os hábitos e idiossincrasias mais desagradáveis do homem como a falsidade, covardia e falta de respeito são produtos de uma adaptação incompleta a uma civilização complexa. Resultam do conflito entre instintos e cultura.
7. Eu não me equivoquei ao considerar predominante o instinto sexual. Se trata de um instinto tão poderoso que choca-se com as convenções e salvaguardas da sociedade. Como autodefesa, a humanidade tenta negar a sua suprema importância. Analise qualquer emoção humana, não importa o quanto distante pareça estar da esfera sexual, descobrirás em algum lado esse impulso primário, ao qual a própria vida deve sua perpetuação.
Freud: esse era o cara!