Bairros

Saiba mais sobre a realidade dos moradores dos bairros Parque Bauru e Nova Bauru

Thiago Navarro
| Tempo de leitura: 11 min

Fotos: Malavolta Jr.
Luiz Alves está há mais de 20 anos no Parque Bauru e viu o crescimento da região
Banco em frente a um bar na quadra 8 da Rua Ataliba Bastos homenageia o bairro

No final de semana em que a cidade comemora 119 anos de emancipação político-administrativa, o Jornal da Cidade percorreu dois bairros que levam o nome de Bauru. Em regiões distintas, o Parque Bauru (na zona leste) e o Núcleo Residencial Nova Bauru (na região norte) convivem com diferentes problemas no dia a dia, mas os moradores garantem: é bom viver nos bairros que são ‘duas vezes Bauru’.

O comerciante Luiz Alves do Nascimento, de 69 anos, chegou ao Parque Bauru em 1994, e agora mora no vizinho bairro dos Tangarás, mas mantém seu estabelecimento no bairro, em rua que faz divisa com o Núcleo José Regino. Natural de Tupã, Luiz morou muito tempo em Santo André, até vir para Bauru há 25 anos, morando sempre naquela região da cidade, em bairros como Jardim Redentor e Parque Paulista.

“Mudei para cá em 1994, e há dois anos estou no Tangarás. Mas sempre morei por aqui e continuei no Parque Bauru com o bar, que tenho desde que vim para o bairro. Em 20 anos eu acho que mudou muita coisa. O José Regino, por exemplo, não existia, o Tangarás era praticamente só mato. Então acho que melhorou bastante a região, valorizou os terrenos, as casas”, reitera.

Além do asfalto, que chegou a parte do bairro - outra continua esperando a benfeitoria (leia mais na página 2) -, o morador lembra de uma grande erosão que atormentou os moradores na década de 1990, e que depois foi sendo recuperado, até ser totalmente fechado. “Falam que era a maior erosão de Bauru. Realmente era um buraco muito grande, cabia um prédio dentro. Depois foram colocando entulho, terra, fazendo curva de nível, aí acertou. A parte perto de onde era a erosão ainda não tem asfalto também, isso ainda precisa melhorar”, aponta Luiz.

Primeiro

Dos bairros que levam a palavra ‘Bauru’ no nome, o Parque Bauru é o segundo mais antigo, de acordo com a prefeitura, por meio das secretarias municipais de Planejamento e Finanças. De acordo com as informações repassadas ao JC pela assessoria de imprensa da prefeitura, o bairro mais antigo que carrega o nome da cidade é o Parque Baurulândia, localizado no extremo leste do município, nas imediações do Parque São Judas e Aimorés (perto da saída para Jaú), e que data de dezembro de 1952.

Já o Parque Bauru tem seu registro em cartório datado de março de 1953, quando começou a ser loteado, e outro bairro vizinho, o Jardim Nova Bauru - que é na prática quase uma continuação deste - foi loteado no ano de 1956, marcando a expansão da cidade em direção ao leste.

No cadastro da prefeitura ainda consta com o nome da cidade a ‘Vila Aeroporto Bauru’, mas que na prática acabou sendo conhecida apenas como Jardim Aeroporto, na zona sul, e que foi registrada em cartório no ano de 1957.

Mais recentemente, foram criados o Residencial Nova Bauru, na zona norte, e que foi entregue pela Cohab, cujo registro em cartório é de 1998, e há ainda o Jardim Alto Bauru, que está em fase de aprovação e registro, nas proximidades do Jardim Terra Branca.

Já os núcleos habitacionais Edson Francisco da Silva, José Regino, Pastor Arlindo Viana, Isaura Pitta Garms e Nobuji Nagasawa já levaram a palavra ‘Bauru’ em sua denominação original, quando foram entregues pela Cohab, mas depois foram rebatizados. Eram respectivamente denominados Bauru 16, Bauru 25, Bauru 22, Bauru I e Bauru 2000, e muitas vezes ainda são popularmente mais conhecidos por seus nomes originais do que pela nomenclatura oficial que veio posteriormente.

O Residencial ‘Bauru H’ é outro que carrega o nome da cidade, e fica ao lado da Vila Industrial e do Jardim Marilu (zona oeste), e trata-se de um conjunto vertical, construído pela CDHU, companhia habitacional ligada ao governo estadual de São Paulo.

Contrastes

Parte do Parque Bauru está bem estruturada, mas ruas de terra ainda incomodam a população

Malavolta Jr.
Vanilda Monteiro carrega a neta Agata Vitória Monteiro Paes pelas ruas de terra do Parque Bauru até a van que conduz a garota para a Apae

No Parque Bauru, único bairro que leva apenas o nome da cidade, sem nenhum outro acréscimo (como números ou outras palavras), há um claro contraste entre a parte alta e a parte baixa. Na primeira, que faz divisa com o Núcleo José Regino, Parque Júlio Nóbrega e Jardim Nova Bauru, a maior parte das vias já é pavimentada. Na parte mais baixa, entretanto, as ruas ainda aguardam pelo asfalto.

A dona de casa Vanilda Silva Monteiro, de 54 anos, enfrenta um drama diário. A neta Ágata Vitória Silva Monteiro Paes, de 16 anos, nasceu com paralisia cerebral e vai todos os dias para a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), no período da manhã. Como a instituição fica do outro lado da cidade, no Jardim Ouro Verde, a van que transporta a garota passa pelo Parque Bauru por volta das 5h.

A rua onde mora (Ataliba Bastos) é de terra, e o veículo só passava na parte asfaltada da vila. “Ainda que agora estão descendo até mais perto. Mesmo assim, todo dia saio de casa ainda de madrugada, escuro, para levar ela até a van. Isso todo dia, de segunda a sexta-feira. Eu estou há 30 anos no Parque Bauru, e sinceramente não vi muita evolução neste tempo aí. A nossa grande necessidade mesmo é o asfalto, se tiver isso já melhora tudo”, aponta.

Sua vizinha, a faxineira Viviane Cristian Rodrigues compartilha da mesma opinião. “Precisa passar logo esse asfalto. A gente vê todo dia o sofrimento dela, que tem levar a neta com a cadeira de rodas até a parte de cima. O que a população do bairro quer mesmo é o asfalto”, diz.

Recursos

O secretário municipal de Obras, Sidnei Rodrigues, explica que a prefeitura pretende asfaltar todo o Parque Bauru até o final de 2015. “Não são tantas ruas de terra, e a pavimentação será feita com verba de uma emenda parlamentar. Já fizemos as galerias, agora resta a liberação do dinheiro do asfalto mesmo. Até licitado já está, precisa é da liberação do dinheiro por parte do governo federal, tudo indica que para a segunda quinzena de agosto. Isso acontecendo neste prazo, conseguimos asfaltar o Parque Bauru ainda em 2015”, menciona.

Ainda de acordo com Sidnei, algumas quadras ficaram de fora da emenda parlamentar. “São quatro ou cinco quadras. Mas como são poucas, aí vamos fazer com recursos próprios, até para entregar o bairro todo com pavimentação de uma vez, asfaltando tudo o que falta”, completa.

Malavolta Jr.
 Terreno no Parque Bauru onde ficava a maior erosão da cidade nos anos 1990

Até por conta da emenda parlamentar que destina este recurso ao Parque Bauru, o bairro não foi incluído no PAC Asfalto, cujo edital será novamente publicado em agosto e que prevê a pavimentação de mais de 700 quadras de ruas de terra em Bauru, incluindo o vizinho Bairro dos Tangarás - que é o maior dos contemplados pelo PAC, com 148 quadras - e outras regiões da cidade, como Parque Jaraguá, Santa Edwirges, Parque Roosevelt, Santa Cândida, Pousada da Esperança, Ouro Verde, Ipiranga, Jardim Vitória e Parque Viaduto.

O processo licitatório, que foi suspenso há dois meses, está sendo retomado, e há expectativa de início das obras de pavimentação ainda neste ano. Ao todo, a União deve repassar mais de R$ 39 milhões para os serviços de asfalto e infraestrutura nestas 700 quadras, por meio de empréstimo.

Segundo o titular de Obras, os únicos bairros de Bauru que não possuem previsão de pavimentação, a curto prazo, são o Parque Giansante, Bela Olinda e Flórida.

A cidade ‘chegou’ aos poucos

Malavolta Jr.
Marilza com os filhos João Vitor, Letícia e Pedro Henrique: 8 anos morando no Parque Bauru

A dona de casa Marilza Marques Silveira, 36 anos, mora há oito anos no Parque Bauru, e considera o local bom para criar os filhos. “Eu nasci em Duartina, e com 16 anos vim para Bauru. Já morei no Mary Dota, Vila Dutra e no Nova Bauru, até vir para cá. Eu vi bastante mudança nesse tempo, a minha rua por exemplo era de terra, e há uns três anos foi asfaltada. Também quase não tinha casa, era só mato, e de um tempo para cá bastante gente construiu aqui perto, então melhorou bem”, destaca.

Ela relata ainda que, nestes últimos anos, a estrutura do Parque Bauru e da região leste como um todo melhorou bastante. “O comércio tem mais coisas agora aqui perto, principalmente no Redentor. Escola e núcleo de saúde não tem no bairro, mas tem no Jardim Redentor também, a UPA mesma coisa. Área de lazer inauguraram um espaço bom que é o CEU (Centro Unificado de Esporte e Lazer), e eu sempre levo os meninos em uma praça que tem aqui perto, no Júlio Nóbrega, para andar de patinete, bicicleta. Eu gosto bastante daqui, acredito que o que falta mesmo é terminarem de asfaltar tudo, porque tem uma parte que ainda é de terra”, avalia Marilza, mãe de Letícia Marques (13 anos), João Vitor Rezende (8 anos) e do pequeno Pedro Henrique Rezende, de 1 ano e 9 meses.

Novos moradores

No Núcleo Nova Bauru, famílias que chegaram recentemente gostaram do bairro

João Rosan
Beatriz Herter está há cinco meses morando no Núcleo Nova Bauru

O Núcleo Residencial Nova Bauru é o último bairro da zona norte da cidade, no limite com a área rural do município. Relativamente jovem (o registro em cartório é de 1998), o local segue recebendo moradores que antes estavam em outras regiões de Bauru ou mesmo de fora da cidade. Uma delas é Beatriz Hertel, de 60 anos, que veio de São Bernardo do Campo há dois anos e meio, e há cinco meses mora no Nova Bauru.

Ela escolheu a Cidade Sem Limites por conta de uma das filhas, que mora na cidade, em um bairro próximo, o Pousada da Esperança 2. “Quando cheguei, fui morar no Pousada 2 também, e há cinco meses estou no Nova Bauru. Gostei bastante do bairro, que é tranquilo e muito bom para morar. A vizinhança também é boa, não tenho do que reclamar”, cita Beatriz, que além da filha que mora em Bauru, ainda tem outros dois filhos, ambos residindo na Grande São Paulo.

Com 15 netos e uma bisneta, ela também abriu um bar no novo bairro, na Rua Antônio Limão, e destaca a tranquilidade bauruense, contrastando com a rotina que levava em São Bernardo do Campo. “Aqui é realmente tranquilo, mesmo sendo uma rua em que passa ônibus. As pessoas podem sentar, conversar, colocar uma cadeira na calçada. Em São Paulo não dá para fazer isso”, pontua.

A única reclamação que a moradora tem a fazer é sobre o asfalto do bairro. “Tem muito buraco. No meu caso, que é uma rua de ônibus, deveriam dar uma atenção, porque é até perigoso quando passa, jogar um pedaço solto de asfalto para cima de quem está na calçada. Mas eu diria que é só isso mesmo que precisa melhorar mais rápido, de resto as coisas são boas, tem comércio perto, mercado no Pousada da Esperança”, acrescenta.

Boa impressão

João Rosan
O aposentado Rinaldi Polatto acompanha a reforma da casa para onde a família acabou de se mudar

Mais recente ainda no Nova Bauru é a família do aposentado Rinaldi Polatto, de 83 anos, que se mudou há apenas duas semanas para o local e ainda está se adaptando. “Mas gostei da primeira impressão que tive. É um bairro que parece ser sossegado, ter bons vizinhos. Acho que vai dar tudo certo por aqui”, acredita.

A família ainda está reformando a casa, e Rinaldi acompanhava as obras sentado em frente à residência. Antes, ele morou 36 anos no Parque São Geraldo. “Eu nasci em Itaju, mas fui criado em Iacanga. Depois, vim para Bauru e foram 36 anos morando no São Geraldo. Eu não conhecia o Nova Bauru, fui conhecer agora que me mudei, mas de cara a impressão que tenho é que o bairro está mais conservado do que onde eu morava antes”, compara.

Asfalto

João Rosan
Rua Antônio Limão reflete a tranquilidade do Nova Bauru, bairro mais ao norte da Cidade Sem Limites

Construído pela Companhia de Habitação Popular de Bauru (Cohab), o Nova Bauru já foi entregue com infraestrutura como água, luz, guias, sarjetas e asfalto. Entretanto, parte de alguns bairros vizinhos ainda aguardam pela chegada da pavimentação, como o Pousada da Esperança e a Vila São Paulo.

No caso do Pousada da Esperança, a prefeitura informa que a pavimentação será pelo PAC Asfalto, cujo edital de licitação deve ser republicado nos próximos dias, com início das obras ainda em 2015. Já a Vila São Paulo não está no PAC, mas a Secretaria de Obras diz que, como tratam-se de poucas ruas para serem asfaltadas, e a maioria próximas a marginal da Rodovia Bauru-Iacanga, a expectativa é que seja utilizada verba própria para pavimentar estas vias, mas ainda sem data definida.


 

 

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