Alberto Consolaro

Ditaduras religiosas e a teocracia no Irã

17/10/2022 | Tempo de leitura: 3 min

Por séculos, em várias regiões do mundo, se aprendeu com muito sofrimento humano e animal que misturar governos, nações e religião é um convite para o conflito e polarização com muitas mortes, torturas e tragédias. Exemplos foram as cruzadas e a inquisição, que hoje, a igreja católica reconhece como erros grotescos.

Será que não conseguimos aprender com os exemplos dos outros? Teremos que aprender com os nossos próprios erros. É muito mais dolorido, desastroso e dilacerante para com nossa gente. Sejamos inteligentes e aprendamos com a história dos outros povos.

Para falar sobre a mistura equivocada e mal-intencionada de religião com política, podemos usar duas coisas muito simples e comum em nosso país: futebol e política. Já pensou se os clubes e as torcidas nos estádios se organizassem a favor ou contra um determinado candidato! Com certeza os campeonatos não terminariam!

Ou ainda, já pensou se cada clube representasse uma determinada religião? O campeonato também não terminaria nunca. Se religião resolvesse, as igrejas seriam frequentadas apenas por pessoas financeiramente bem resolvidas, saudáveis e felizes. Os pobres, as minorias e os renegados seriam os que não frequentam as igrejas e por castigo, pagariam assim suas penitências!

A religião é uma organização social para as pessoas que procuram restabelecer uma ligação com o sagrado e divino, usando intermediários, autorizados ou não, para explicar e falar em nome de Deus. Para esta função deve haver uma formação acadêmica rigorosa em Faculdades e Escolas de Teologia de ensino superior registradas e formalizadas no sistema educacional de cada país.

Para saber se o médico é verdadeiro, peça para ele mostrar o seu diploma de medicina e em que faculdade se formou. Para o seu pastor, padre e pai de santo, também peça o mesmo para você ter toda confiança do mundo! Assim protegemos nossas famílias destes falsários que volta e meia aparecem nas colunas policiais da mídia como falsos pastores, padres, pais de santo e médicos.

MEDO DAS TEOCRACIAS

No Irã se tem uma das teocracias mais clássicas da história. O Irã já foi a Pérsia um tempo atrás, mas agora é gerido de forma inquestionável pelo islâmico líder supremo Ali Khamenei. Se quiser depor o presidente da república, por achar que este não está jogando dentro das quatro linhas da constituição iraniana, ele simplesmente o despede e fim! Sem impedimento ou processo legal.

Por lá tem um ministério dos costumes e tradições a sua chamada Polícia de Costumes que mais recentemente matou centenas de meninas e moças que ousavam em não usar o véu em suas cabeças ou cabelos compridos. Nas ruas, os protestos são combatidos com muita violência e mortes.

Já pensou se por aqui algum ministro ou ministra dos bons costumes e tradição for nomeada e determinar que os homens usem azul e as mulheres só podem sair as ruas de rosa! E se não usarmos? Sairemos às ruas, seremos violentados e presos para sermos torturados? Nossas crianças serão expulsas das escolas se não usarem as cores e os modelos de roupas e bolsas dos religiosos?

REFLEXÃO FINAL

Antes da teocracia, ninguém acreditava que o Irã um dia chegaria ao que é hoje e vejam que ele já foi um progressista país no Oriente Médio. Leia sobre o Irã, uma teocracia em plena atividade neste mundo de 2022.

Tudo é possível neste mundo e imagine você morando e vivendo com sua família em um país com este modelo de vida em que os costumes e a cultura obedece regras da cabeça de religiosos formados sabe se lá como! Se não seguir as regras, tomarás na cabeça, imediatamente e sem qualquer julgamento, as bombas e as balas de armas abençoadas, morrendo sem dó no chão frio das ruas por onde um dia desfilou uma democracia!

Alberto Consolaro – Professor Titular da USP e Colunista de Ciências do JC.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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