José Milagre

As eleições e a segurança digital

01/03/2020 | Tempo de leitura: 3 min

Muitos leitores estão pedindo para que eu voltasse a tratar do tema. De fato, estamos a poucos meses das eleições e muitas dúvidas piaram na mente de cidadãos e candidatos quando o assunto é Internet e segurança do voto. Sobre o peso da Internet na influência sobre o decisão de voto, acompanho desde 2008 uma evolução, onde a Internet era o penúltimo meio e hoje é o meio que mais influencia, sob diversos aspectos, sobretudo para a geração Z (nascidos a partir de 1997), os centenials, cada vez mais influenciados por informações que encontram na rede. Não é demais ressaltar que uma pesquisa recentemente feita pelo Senado e Câmara dos Deputados apurou que 79% dos brasileiros se informaram pelo WhatsApp, que é a principal fonte. A TV aparece empatada com o Youtube (50% e 49%) e o Facebook logo atrás, com 44% dos pesquisados.

Segurança do voto Digital

A Justiça Eleitoral preparou um site bem interessante denominado http://www.justicaeleitoral.jus.br/spe/. No site "Sistema de Segurança do Processo Eleitoral" é possível conhecer um desenho do passo-a-passo para votação, esclarecer dúvidas sobre a segurança da urna eleitoral e, principalmente, ser informado sobre como as fake news funcionam e como descobrir uma notícia falsa.

E por falar em fake news

De fato, as fake news são uma preocupação da Justiça Eleitoral, considerando a falta de critérios e elementos que o cidadão tem para discernir uma notícia falsa de uma verdadeira. Inúmeros sites de fact check estão trabalhando diariamente em suporte e apoio a aplicativos onde a guerra eleitoral irá se travar, como Facebook e WhatsApp, porém, não é possível garantir sejam sempre eficazes. Daí porque a melhor arma é a informação.

Urna eletrônica é segura?

A urna eletrônica tem diversos mecanismos pelos quais profissionais e a sociedade podem apurar a segurança das mesmas. Além disso, a Justiça utiliza testes públicos de segurança que geram inputs a partir da contribuição de comunidade especializada. Não bastasse, a urna conta com diversos mecanismos de auditoria. Um dos mecanismos de segurança é o chamado BU (Boletim de Urna), que se torna documento público ao final da votação e que pode ser confrontado com os dados que o TSE organiza e publica na Internet. Ainda, a urna conta com registro cronológico das principais operações realizadas por seu software, o chamado LOG. A própria Justiça Eleitoral esclarece que as falhas encontradas em 2017 já foram corrigidas. O relatório detalhado pode ser acessado em: http://www.tse.jus.br/hotsites/teste-publico-seguranca-2017/arquivos/tps2017-relatoriotecnico.pdf

Como a urna transmite os votos?

Os votos são registrados no chamado arquivo RDV (Registro digital do voto), que é gravado por meio de assinatura digital e criptografia assimétrica (ele contém os dados de uma urna). Não há como identificar o eleitor, pois os votos são registrados de forma aleatória. Ao final da eleição, é gerada a memória de resultado (em um dispositivo móvel), que é encaminhada ao ponto de transmissão (Cartório Eleitoral), e neste ponto existe uma máquina segura onde os dados serão transferidos para o Tribunal Eleitoral. Para isso, é usado uma VPN que encapsula o tráfego para que não seja transmitido livre pela Internet e não esteja sujeito a ação de criminosos digitais. Ao final, ainda é feita, na recepção dos dados, uma validação antes dos votos serem totalizados, onde as assinaturas serão verificadas.

Dúvidas sobre tecnologia e eleições?

Continuaremos respondendo na coluna! Envie seu comentário: consultor@josemilagre.com.br

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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