
Com uma área de 431 km², Jundiaí abriga aproximadamente 35% de sua extensão coberta pela Serra do Japi, 45% ocupada por zonas urbanizadas e 20% dedicados à proteção hídrica, conforme dados do site Geo da Prefeitura. Entretanto, bairros como Novo Horizonte, Parque Residencial Jundiaí e Medeiros enfrentam temperaturas mais elevadas, resultado da menor cobertura vegetal e da urbanização densa.
A temperatura média anual da cidade é de 20,5°C, de acordo com o ClimaTempo, com base em dados climatológicos obtidos ao longo de 30 anos. Contudo, o crescimento urbano também impacta o meio ambiente e a temperatura.
Em 2023, 2.714 árvores foram removidas, e a prefeitura realizou o plantio de 558 árvores arbóreas e 189 palmeiras, um saldo negativo para a arborização da cidade. Em 2024, ainda não há dados computados.
Migitação climática
A mitigação climática é um conjunto de ações voltadas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e diminuir seus efeitos sobre a atmosfera. O objetivo dessas medidas é conter o aquecimento global e minimizar os impactos das mudanças climáticas.
Em áreas urbanas, a falta de vegetação e o crescimento desordenado contribuem para a formação de ilhas de calor, tornando fundamental o investimento em políticas ambientais eficazes.
O arquiteto Eduardo Carlos Pereira destaca a necessidade de estratégias complementares para reduzir o aquecimento urbano. "É impressionante a visão do imenso plano cinza das coberturas dos edifícios comerciais no centro. Visto de cima, parece um deserto cinza que se expandiu de maneira incontrolável." Para ele, esses espaços poderiam ser melhor aproveitados com a instalação de placas fotovoltaicas para captação solar ou coberturas vegetais, medidas que ajudariam a amenizar as ilhas de calor e tornar a cidade mais sustentável.
Arquiteto Eduardo Carlos Pereira
Dorothéa Antonia Pereira Monteiro, Engenheira Agrônoma
A engenheira agrônoma e especialista em gestão ambiental Dorothéa Antonia Pereira Monteiro reforça a importância de um planejamento paisagístico eficiente. "Árvores funcionam como condicionadores naturais, proporcionando conforto térmico e reduzindo o aquecimento das cidades, que ocorre devido ao uso de materiais como concreto e asfalto." Segundo ela, a arborização deve ser incorporada nos planos urbanísticos, abrangendo tanto áreas públicas quanto privadas.
Para ilustrar essa necessidade, Dorothéa menciona sua própria residência, que foi a primeira casa de Jundiaí certificada pelo Green Building Council Brasil. Construída dentro de padrões ecológicos, a residência segue práticas sustentáveis que minimizam impactos ambientais, como o uso de cisternas para captação de água da chuva, sistemas de infiltração para recarregar os aquíferos e áreas permeáveis para melhorar a drenagem e reduzir o impacto urbano. Ela reforça que essa mentalidade precisa ser adotada na construção civil para garantir um futuro mais sustentável.
A Prefeitura de Jundiaí tem adotado algumas iniciativas para amenizar os impactos ambientais e estimular o aumento da cobertura verde na cidade. Um exemplo é o projeto "Pé de Árvore", que incentiva o plantio em calçadas e espaços públicos. Além disso, o IPTU Verde busca incentivar proprietários a adotarem práticas sustentáveis em seus imóveis, como a ampliação de áreas permeáveis e o uso de sistemas de captação de água da chuva.
Outra possibilidade para reduzir os impactos ambientais é a revitalização de clubes da cidade, que poderiam ter suas áreas verdes e de lazer ampliadas para uso público. Eduardo Carlos Pereira sugere também a criação de hortas urbanas em terrenos sob redes elétricas. "Temos espaço suficiente para uma produção farta, que poderia ser implementada por adesão voluntária e transformar a cidade em referência em agricultura urbana."
Os especialistas também ressaltam a importância da mobilidade sustentável. "O transporte público precisa ser mais atrativo e eficiente. As paradas de ônibus, por exemplo, poderiam ter coberturas vegetais para amenizar o calor e tornar o tempo de espera mais confortável", sugere Eduardo. A substituição de asfaltos convencionais por materiais menos absorventes de calor e o incentivo ao uso de bicicletas eletrificadas também são apontados como medidas viáveis, além da substituição da frota de ônibus a diesel por elétrica.
Aquecimento urbano e preservação ambiental
A cidade ainda enfrenta desafios na ampliação dessas iniciativas, especialmente diante do crescimento urbano e da necessidade de maior planejamento ambiental.
Especialistas apontam que a substituição de asfaltos convencionais por materiais menos absorventes de calor, a criação de hortas urbanas em terrenos sob redes elétricas e a instalação de coberturas vegetais em paradas de ônibus são soluções viáveis para amenizar o impacto das mudanças climáticas em Jundiaí.
“O avanço da arborização e a implementação de políticas públicas mais eficazes serão determinantes para enfrentar os desafios climáticos e garantir maior qualidade de vida para os moradores”, afirma Dorothéa.
Fale com o Folha da Região!
Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.