DATAFOLHA

Lula: aliados veem pressão menor; oposição fala em tempestade

O levantamento mostra que a aprovação do presidente se manteve estável ante a rodada anterior, mas as oscilações dentro da margem de erro indicaram uma leve melhora

Por Marianna Holanda, Victoria Azevedo, Catia Seabra, Thaísa Oliveira e Ranier Bragon | 19/06/2024 | Tempo de leitura: 5 min
da Folhapress

Arquivo/Marcelo Camargo/Agência Brasil

O índice de ótimo/bom do governo Lula, que estava em março em 35%, oscilou positivamente para 36%
O índice de ótimo/bom do governo Lula, que estava em março em 35%, oscilou positivamente para 36%

Integrantes do governo Lula (PT) afirmaram que os números da pesquisa Datafolha divulgada nesta terça-feira (18) mostram o início do que chamam de "colheita" das ações iniciadas em janeiro do ano passado. Já a oposição afirma que o cenário de estabilidade apontado é apenas um prenúncio de piora tendo em vista perspectivas de deterioração econômica e política no país.

O levantamento mostra que a aprovação de Lula se manteve estável ante a rodada anterior, mas as oscilações dentro da margem de erro indicaram uma leve melhora a favor do presidente - 36% de aprovação contra 31% de reprovação.

"Sempre afirmamos que 2023 foi o ano do plantio. Em 2024 começa a colheita", afirmou o ministro extraordinário da Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta. "Com muito trabalho e com as entregas que estamos fazendo, dentro do programa de reconstrução do nosso país, não tenho dúvidas de que o nosso governo chegará no final do ano com alto índice de aprovação. É o começo da construção que estamos fazendo com dedicação e devoção na construção do Brasil", disse, na mesma linha, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), adotou um tom de cautela. "É óbvio que, quando dá uma melhorada, é melhor do que quando dá uma piorada. [Mas] não dá para soltar foguete, é preciso que a gente tenha mais", disse o senador. "Mas é óbvio que é bom. Se isso for sinal de uma caminhada nesse sentido, ótimo. Para mim, está cedo. Demonstra estabilidade."

Os deputados Alencar Santana (PT-SP) e Rubens Pereira Jr. (PT-MA), que integram a vice-liderança do governo, reforçaram o coro da maioria dos petistas, que pelo menos no discurso diz ver um cenário de melhora daqui em diante. "Os resultados econômicos do país são bem melhores do que os dos anos anteriores, mas ainda não produziram todos os efeitos positivos que podem ter na vida das pessoas", disse Santana.

"Essa taxa de aprovação tende a ser cada vez maior quanto maiores forem os resultados reconhecidos pela população no seu dia a dia", afirmou Pereira Jr..

O índice de ótimo/bom do governo Lula, que estava em março em 35%, oscilou positivamente para 36% agora. Já a reprovação (índice ruim/péssimo) passou de 33% para 31%, e a avaliação regular, de 30% para 31%.

Nos bastidores, um ministro do governo disse que a pesquisa tira a pressão política. A estabilidade, após semanas de difícil desempenho no Congresso Nacional e reação do mercado, trouxe certo alívio para o núcleo de governo.

Outro ministro minimizou a oscilação negativa entre evangélicos de um ponto porcentual, por estar dentro da margem de erro. Ele avalia que o resultado já era esperado.

A curva negativa para Lula, que vinha se desenhando desde o fim do ano, foi invertida nesta pesquisa, que marca um ano e seis meses do terceiro mandato do petista à frente do Palácio do Planalto. O instituto ouviu 2.008 eleitores em 113 municípios brasileiros de 4 a 13 de junho. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos.

Oposição vê início da piora

A oposição a Lula no Congresso tem uma avaliação oposta. Para ela, o cenário de estabilidade está calcado em bases que apontam para o início de uma piora tendo em vista o que apontam como perspectivas de piora na economia e na política.

"A pesquisa reflete a estabilidade de momento ruim do governo, e uma prova disso é que o Lula vive praticamente em cárcere privado, não pode sair na rua, não consegue ser recebido por ninguém, não tem população dando apoio", disse o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

"Eu entendo que quanto mais passa o tempo a tendência é até as pesquisas refletirem essa queda da popularidade, uma vez que não tem nenhuma expectativa de melhora na economia. Se não fosse Roberto Campos Neto [presidente do Banco Central], o Brasil já tinha explodido, com inflação altíssima, desemprego em alta. Infelizmente o cenário com Lula é daqui para pior."

Em relação a Bolsonaro, Lula hoje registra um nível similar de ótimo/bom: o rival recebia essa nota de 32% em junho de 2020, embora fosse bem mais reprovado (44% de ruim/péssimo). Achavam o ex-presidente regular 23%.

Lula renovou as críticas a Campos Neto nesta terça, afirmando que o presidente do BC trabalha para prejudicar o país e está alinhado à oposição.

O deputado Mendonça Filho (União Brasil-PE) vai na mesma linha de Flávio Bolsonaro. "É uma margem de aprovação em relação à desaprovação medíocre, que retrata bem o governo. Quem conhece um pouco do cenário econômico e político sabe que a gente está no início de um processo de bastante turbulência e tempestade."

"A percepção da sociedade sobre os efeitos da política econômica irresponsável ainda não aparecem nessa pesquisa mas já estão contratados para um futuro próximo. É questão de tempo", disse o deputado Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro de Bolsonaro.

Dentro do governo, a ideia é Lula intensificar a agenda de viagens até as eleições, priorizando estados no Nordeste e do Sudeste, com o objetivo de melhorar a popularidade. Isso foi discutido nesta semana, na reunião de articulação política que o petista está comandando todas as segundas-feiras no Palácio do Planalto.

Lula pretende ir na sexta-feira, por exemplo, ao Ceará, Piauí e Maranhão. Segundo auxiliares, Lula tem reclamado que as ações do governo não estão tendo visibilidade e que, nesse sentido, sua presença nos estados para falar sobre elas tende a jogar mais luz sobre o que sua gestão tem feito.

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