NO SENADO

Presidente do CFM diz que há limites para autonomia da mulher

Presidente do CFM disse em sessão de debates no plenário do Senado sobre o procedimento de assistolia fetal que há limites para a 'autonomia da mulher'

Por Thaísa Oliveira | 17/06/2024 | Tempo de leitura: 2 min
da Folhapress

Pixabay

Assistolia fetal é o procedimento recomendado pela OMS para a interrupção da gestação acima de 20 semanas
Assistolia fetal é o procedimento recomendado pela OMS para a interrupção da gestação acima de 20 semanas

O presidente do CFM (Conselho Federal de Medicina), José Hiran Gallo, afirmou nesta segunda-feira (17) durante sessão de debates no plenário do Senado sobre o procedimento de assistolia fetal que há limites para a "autonomia da mulher".

"Até que ponto a prática da assistolia fetal em gestação acima de 22 semanas traz benefício e não causa malefício? Esta é a pergunta. Só causa malefício. Nesse campo, o direito à autonomia da mulher esbarra, sem dúvida, no dever constitucional imposto a todos nós de proteger a vida de qualquer um, mesmo um ser humano formado com 22 semanas", disse.

Hiran Gallo também defendeu a legitimidade do CFM, que aprovou uma resolução que proíbe a assistolia fetal, na definição de "critérios éticos e técnicos" para o trabalho dos médicos brasileiros. Disse, ainda, que há uma "narrativa distorcida" que coloca o conselho contra o aborto legal.

"O CFM não tem qualquer ingerência sobre esse processo e ousa dizer: a resolução 2.378, de 2024 [que impedia o médico de realizar assistolia fetal], não pode ser utilizada como desculpa por lacunas nesse tipo de atendimento que existem há décadas", afirmou.

O debate foi organizado a pedido do senador Eduardo Girão (Novo-CE) para discutir a chamada assistolia fetal, procedimento recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para a interrupção da gestação acima de 20 semanas.

A assistolia fetal entrou no foco das discussões depois de uma resolução de abril do CFM para proibir a realização do procedimento em grávidas com mais de 22 semanas de gestação, mesmo em casos de estupro.

A resolução foi suspensa pelo STF (Supremo Tribunal Federal), mas ganhou tração a partir de um projeto de lei. Na quarta (13), o plenário da Câmara dos Deputados aprovou a votação do PL em regime de urgência --mecanismo que dispensa a avaliação das comissões.

Durante a sessão, Nyedja Gennari, uma contadora de histórias, encenou um feto pedindo para não ser abortado. A mulher grita e simula o desespero do feto, dizendo que quer continuar vivo.

A TV Senado chegou a barrar a transmissão de um vídeo levado pelo ex-secretário de Atenção Primária à Saúde do governo de Jair Bolsonaro (PL) Raphael Câmara Medeiros Parente --autor da resolução do CFM-- devido à classificação indicativa.

Hiran Gallo afirmou que a resolução do CFM está amparada em critérios éticos e bioéticos. Ele defendeu que um feto com mais de 22 semanas tem "viabilidade de vida fora do útero" e que a assistolia fetal "configura um ato doloroso e desumano".

Fale com a Folha da Região! Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção? Clique aqui e fale com nossos repórteres.

Receba as notícias mais relevantes de Araçatuba e região direto no seu WhatsApp
Participe da Comunidade

3 COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.

  • jaques campos
    18/06/2024
    Este projeto de lei tem natureza politica, e visava desgastar o governo, como confessou seu autor o pastor Sostenes. O PL e inconstitucional, e foi aprovado na Comissão atabadoalhamente, por criminalizar o direito da mulher previstos na constituição. Houve reação das mulheres que fizeram grandes manifestações. Dificilmente essa excrescência passara no plenario.
  • Freitas
    18/06/2024
    Só faltou explicarem na matéria o que é o tal procedimento de assistolia fetal. Galera que defende aborto nem sabe como são os procedimentos .
  • Gildinha
    18/06/2024
    Assunto um tanto polêmico, mas gostaria de saber se a filha dele, uma criança tivesse sido estuprada e só conseguissem identificar a gravidez depois da 22a semana, o que ele faria? Uma criança não está preparada pra ser mãe e nem sabemos se ela conseguiria levar uma gestação até o final pois o corpo dela não está pronto pra gestação e nem o psicológico... A criança não pode ser punida duas vezes quase ao mesmo tempo... o ideal é que não houvesse o estupro, porém, não é o que as estatísticas mostram. Meu irmão me abusou dos 11 aos 15 anos e só não me penetrou pq lhe meti um baita chute. E se eu tivesse engravidado é descoberto a gravidez depois da 22a semana? Enfim, só quem passa realmente por isso, é que pode dizer sobre a necessidade ou não...