Opinião

Autodestruição ativada

18/02/2024 | Tempo de leitura: 3 min

 

 

 

O britânico Alan Turing era um gênio desde criança. Na escola, ficava entediado com as aulas porque sabia mais do que seus professores. Matemático e cientista pela Universidade de Princeton, o professor foi chamado pelo governo da Inglaterra para tentar decifrar o Enigma, código criptografado dos nazistas durante a 2ª. Guerra Mundial. 

Junto com outras cinco mentes brilhantes, Alan Turing criou a máquina que ajudou a vencer os alemães e originou o computador que usamos hoje. Mas o pesquisador levou três anos, repito, três longos anos para conseguir seu objetivo. Assista ao “O Jogo da Imitação”, disponível em streaming, para saber mais.

A polonesa Marie Curie, formada em Matemática e Física, foi a única pessoa a ganhar dois prêmios Nobel em categorias diferentes (Química e Física). A partir de 1902, ela descobriu elementos químicos (polônio e rádio), estudou a radioatividade e criou um carro que, levado aos campos de guerra, era capaz de fazer exames e guiar os médicos nas cirurgias para evitarem amputações desnecessárias. 

Por causa dos seus estudos de décadas - e que causaram a sua morte devido à exposição da radioatividade -, hoje a medicina está tão avançada e salvando milhões de vidas no mundo todo. Saiba mais assistindo “Radioactive”.

Já o médico naturalista francês-inglês Edward Jenner levou dois anos para concluir seus estudos sobre imunologia e criar a primeira vacina do mundo, contra a varíola, na época (1796) a doença mais letal do planeta. 

A média, no entanto, é que cientistas pesquisem por aproximadamente 10 anos cada imunizante. A própria vacina da covid-19, que continua salvando milhões de pessoas na pandemia iniciada em 2020, tinha o mesmo vírus sendo estudado desde 2012, por isso foi possível fabricar a vacina em tempo recorde. 

Por que escrevo tudo isso? Porque depois de tanta evolução pelo conhecimento, a humanidade está tomando um rumo preocupante, de autodestruição, quando escolhe desconsiderar a ciência e prefere acreditar e, pior, espalhar, falsas ideias nascidas de mentes pouco brilhantes, doentias até, mas com sede de poder, seja ele econômico, social, político ou tudo junto. 

Centenas de anos de estudos e milhares de pesquisas estão sendo jogados fora, no lixo da história. Os sacrifícios, em todos os sentidos, dos pesquisadores não estão sendo valorizados e uma evolução extraordinária da humanidade, que apenas para citar o caso das vacinas deu um salto de sobrevida aos seres humanos de 32 anos, que era a expectativa de vida no século 19, para 72,6 anos atualmente, não está sendo considerado importante.

Quem mente, cria e espalha fake news ou mesmo pratica a gestão pública baseado apenas em suas vontades e não em fatos sólidos estudados por pessoas muito inteligentes só está interessado em tirar proveito pessoal da situação em vez propiciar o bem-estar da população. 

Essas mesmas pessoas do mal estão, deliberadamente, causando um caos social com mentiras infundadas, mas que alimentam o imaginário das pessoas que não têm informação porque foram privadas de Educação. Sem o conhecimento, esses alienados dão poder a seres que, pela inteligência, jamais brilhariam na sociedade. O ciclo é destrutivo.

Repito: A humanidade está tomando um rumo preocupante, de autodestruição, quando desconsidera o saber, o conhecimento científico. Pesquisas divulgadas na semana que passou, por exemplo, indicam que em 2050, a Amazônia pode atingir o ponto de não retorno, ou seja, se o desmatamento e a poluição dos rios pelo garimpo continuarem, não restará a floresta que tem impacto ambiental no mundo todo.

Sem desenvolvimento sustentável, o planeta continuará a existir, mas os seres humanos não. O conhecimento está perdendo o jogo para a prepotência de alguns e para a ignorância de muitos. Estamos todos em perigo. 

 

Ayne Regina Gonçalves Salviano é jornalista, mestre em Comunicação com MBA em Gestão.

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