EDUCAÇÃO

Prefeitura de Araçatuba vai investigar suposta agressão a menino de 4 anos em Emeb

O procedimento, instaurado via Corregedoria Geral do município, costuma ser mais rápido do que uma sindicância, o que indica preocupação de secretaria com a gravidade do caso

Por Lauro Sampaio e Jaqueline Lopes | 06/06/2023 | Tempo de leitura: 7 min

Arquivo Pessoal

Mãe do menino de 4 anos agredido no dia 25 de maio enviou à Redação foto com rouxidão em um dos braços da criança machucados em ambiente escolar
Mãe do menino de 4 anos agredido no dia 25 de maio enviou à Redação foto com rouxidão em um dos braços da criança machucados em ambiente escolar

A Prefeitura de Araçatuba instaurou procedimento investigativo interno para apurar o caso de uma suposta agressão ocorrida em uma Emeb (Escola Municipal de Educação Básico) da cidade a um menino de 4 anos. A diretora do estabelecimento está sendo investigada. Ela nega as agressões. Uma servidora da unidade também será ouvida.

O Executivo informou que o prazo para a conclusão dos trabalhos é de 30 dias, prorrogável por outros 30 caso não haja tempo para a oitiva de todas as partes e a conclusão das investigações.

O procedimento, levado a cabo pela Corregedoria Geral do município, tramita mais rapidamente do que uma sindicância, razão que evidencia a preocupação da Secretaria Municipal de Educação com o episódio.

Ao final, dependendo do que for apurado e relatado, pode haver arquivamento ou serem aplicadas sanções que vão de advertênci, suspensão do trabalho ou mesmo exoneração. A Secretaria de Educação irá comandar os trabalhos de apuração.

O caso veio à tona na última sexta-feira (02), depois que a Folha da Região o revelou com exclusividade. Segundo a mãe da criança, foi feito um boletim de ocorrência, em 29 de maio, com o objetivo de esclarecer as circunstâncias em que ocorreram as agressões físicas que seu filho de 4 anos sofreu no local.

A violência poderia ter sido praticada, ao menos em parte, por uma funcionária do estabelecimento. Segundo o BO, JOP, 31 de anos, afirmou que o menino chegou da escola, quatro dias antes, com marcas de mordida na barriga e machucados nos braços.

Ela questionou a criança sobre quem a havia agredido. A resposta do garoto foi que as mordidas foram dadas por um "amiguinho", mas que as feridas nos braços eram resultado da violência que ele teria sofrido da "tia da bicicleta".

A "tia" em questão seria uma servidora da Emeb que trabalha no turno da tarde — a criança estuda em período integral no estabelecimento, que, conforme é obrigatório, possui monitoramento de imagem por câmeras de segurança.

IRRITADA

Em determinado momento do contato desta sexta, já com o editor do site da FR na linha, a diretora, demonstrando contrariedade com a publicação da matéria, pediu que o conteúdo dela só viesse a público na próxima segunda-feira. "Estou apenas pedindo o favor de vocês adiarem esta matéria para o meu fim de semana não ser estragado", disse.

Informada sobre a impossibilidade do adiamento, ela passou a apresentar ainda mais irritação e interromper, incessantemente, os argumentos do jornalista. "Vocês não têm o direito de estragar meu fim de semana, agora eu é que vou fazer um BO contra vocês".

A Folha da Região está à disposição da Secretaria Municipal de Educação caso a pasta queira se manifestar sobre o assunto.

Em contato com a reportagem na manhã da última sexta-feira (02), a mãe da criança afirmou que o estabelecimento não lhe deu acesso a essas imagens para esclarecer o que ocorreu. A diretora da unidade, por outro lado, afirma que as imagens estão à disposição.

Conforme diz a Polícia Civil, JOP, irritada, foi à creche no dia seguinte às agressões, pela manhã, e falou com uma professora que cuida de seu filho durante o período. A responsável teria respondido achar "estranha" a acusação da criança e disse não ter ciência do que teria acontecido, porém teria acreditado no menino por conhecê-lo bem e saber que ele "não costuma mentir".

Consta também no documento policial que a mãe da criança ainda conversou com outras funcionárias, mas que nenhuma delas conseguiu explicar o caso.

JOP, então, exigiu falar com a funcionária acusada ("tia da bicicleta") e com a diretora da creche para que, juntas, elas lhe explicassem os ferimentos do garoto. A diretora pediu para que ela voltasse ao local na segunda-feira (29), dia em que conversariam.

Na data combinada, JOP esperou pela diretora por longo período, mas ela não apareceu na unidade. Em ligação para a diretora com o objetivo de saber a razão do atraso, a chefe da creche teria sido áspera com a mãe do menino. Gritando, teria questionado se estaria sendo ameaçada pela autora do BO.

JOP, ato contínuo, voltou à creche na tentativa de esclarecer o acontecido de uma vez por todas, ocasião em que conseguiu se encontrar com a diretora. A servidora lhe teria informado que, em contato com a "tia da bicicleta", a acusada negou a agressão.

A diretora, então, decidiu confrontar a versão da criança ao perguntar ao menino, na presença da mãe e da funcionária acusada, o que exatamente havia acontecido. O garoto repetiu tudo o que havia relatado em casa, quatro dias antes.

Apesar disso, declara JOP no BO, a diretora da creche disse que daria um "voto de confiança" para a funcionária e que não acreditava no menino. A mãe informou ainda que a diretora disse ter certeza de que outro aluno da creche seria o autor das lesões nos braços da criança. A partir desse posicionamento supostamente corporativista, a mãe decidiu registrar a ocorrência.

A reportagem da Folha da Região conversou com JOP sobre o caso. A mulher disse que permanece sem informações concretas sobre o que aconteceu, mas que segue acreditando nas palavras do filho. "Ele não teria por que mentir ou inventar isso de uma funcionária", falou.

JOP revelou, então, acreditar que parte do corpo de funcionários da creche esteja agindo com negligência nos cuidados a seu filho, já que em todos os dias da semana seguinte à suposta agressão a criança "chegou em casa com um machucado diferente".

Na quinta-feira (01), por exemplo, ao buscar o garoto, ela percebeu que a boca dele estava vermelha. Soube, depois, que ele teria sido picado por uma abelha. "Eu poderia ter sido avisada disso pela manhã, já que ele tem alergia a veneno de abelha", protestou.

JOP ainda afirmou à reportagem que levou a criança a um médico para confirmar a causa da vermelhidão na boca do menino. Este profissional, então, encaminhou a criança à Santa Casa de Araçatuba para prevenir uma possível consequência alérgica. O garoto estava no hospital na manhã desta sexta.

DIRETORA

Também ouvida pela FR, a diretora da Emeb disse que não tratou a causa da mãe do menino com descaso, confirmou que promoveu o encontro entre as partes, para ouvi-las, mas que concluiu pela inocência da funcionária por conhecê-la bem e por relativizar as falas do garoto devido à pouca idade dele.

A chefe da Emeb assegurou à repórter que, caso necessário, poderá providenciar a disponibilização das imagens das câmeras de segurança do estabelecimento para provar a JOP o que, de fato, ocorreu.

A diretora salientou ainda que avisou à mãe da criança, na semana passada, sobre o fato de o menino também costumeiramente agredir outros alunos da creche. Ela sustenta que, somente depois desse alerta, é que JOP, possivelmente ofendida, apresentou a versão sobre a suposta agressão da servidora municipal a seu filho.

"O irmão da mãe da criança me ligou querendo saber tudo o que aconteceu e eu disse a ele que, por ele não ser o pai ou responsável pelo menino, não poderia passar qualquer informação", revelou. "Ele respondeu agressivamente e me fez ameaça (contrariado com) sobre minha decisão". A chefe da escola afirmou que, diante do rompante do homem, chegou a também cogitar registrar boletim de ocorrência.

Sobre a picada da abelha, a diretora afirmou que o menino estava nos fundos da creche e, ao ver o enxame, atirou uma pedra para espantar as abelhas, o que desencadeou o ataque dos insetos. E que, como durante todo o dia o garoto não apresentou reação orgânica significativa ao acidente, ela não viu necessidade de comunicar a mãe sobre o fato.

IRRITADA

Em determinado momento do contato da última sexta-feira, já com o editor do site da FR na linha, a diretora, demonstrando contrariedade com a publicação da matéria, pediu que o conteúdo dela só viesse a público na próxima segunda-feira. "Estou apenas pedindo o favor de vocês adiarem esta matéria para o meu fim de semana não ser estragado", disse.

Informada sobre a impossibilidade do adiamento, ela passou a apresentar ainda mais irritação e interromper, incessantemente, os argumentos do jornalista. "Vocês não têm o direito de estragar meu fim de semana, agora eu é que vou fazer um BO contra vocês".

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