Ontem (25), foi celebrado o Dia Nacional da Bossa Nova. A data foi escolhida por ser o dia do aniversário de Tom Jobim. Símbolo da modernidade e trilha sonora do período de final dos anos 50 e início dos anos 60, o estilo musical completa 64 anos.
A gíria “bossa” deu nome ao jeito novo de fazer música naquela época, quando era usada entre os jovens cariocas da zona sul, para dizer que alguém levava jeito pra aquilo. Mas, embora possa parecer uma ideia pensada e elaborada, o termo foi criado quase que por acaso. É o que conta o músico Roberto Menescal: “A Sylvinha Teles nos convidou pra dar uma canja na Hebraica, no Rio, e quando chegamos tinha um cartaz que dizia: 'hoje, Sylvia Telles e o grupo Bossa Nova'. Eu achei que era um grupo que estava tocando para as pessoas dançarem”, lembra.
Foi quando o jornalista que organizava o evento, Moisés Fux, explicou que, como não sabia o nome pelo qual os músicos gostavam de ser chamados, havia escolhido aquele para por no cartaz. Roberto lembra que, na mesma hora, concordou com a sugestão do organizador - ainda mais depois que Ronaldo Bôscoli, que estava no grupo, gostou da ideia. “Ele veio por trás e disse assim: 'Beto, esse nome já é nosso'”.
O ritmo novo logo ganhou o mundo, com letras mais esperançosas que as do samba-canção, a sofisticação do jazz e uma batida única e totalmente brasileira. Sobre este jeito de tocar, Menescal detalha uma conversa que teve com João Gilberto, que revelou de onde vinha aquele ritmo encantador. “Eu perguntei para o João, uma vez: 'de onde vem a tua batida?'. Do samba, ele disse. 'Mas essa tua diferente?'. 'Rapaz, sabe o que, que é? Vocês querem tocar o samba, tudo no violão. O agogô, reco-reco, tombador, tudo junto, mas vocês têm que escolher um'. Eu digo: 'o que você escolheu?'. 'Eu escolhi o tamborim'”.
DATA
São muitas histórias que permeiam os bastidores da bossa nova que não há uma data certa para definir quando o estilo foi criado. Mas todos concordam que um marco é agosto de 1958, quando chegou às lojas de discos do país, o álbum duplo, de 78 rotações, Canção do Amor Demais do selo Odeon. Nele, a cantora Elizabeth Cardoso interpreta e João Gilberto toca com violão a música Chega de Saudade, de Vinícius de Moraes e Tom Jobim. João trouxe pela primeira vez a batida do violão que se tornaria característica do estilo. O disco teve uma prensagem de 2 mil cópias.
Tom Jobim foi o primeiro a deixar saudades, em 1994. Logo, foi o escolhido para ser homenageado, quando Solange Kfouri, produtora musical da MPB Marketing, reuniu artistas em uma iniciativa para criar o Dia Nacional da Bossa Nova. “Era um papo na casa da cantora Vanda Sá. Estávamos Carlinhos Lira, Solange, eu e mais uma porção de gente, e a Solange disse assim: 'todo lugar tem o Dia do Tango, o Dia do Jazz e a gente não tem nada. Aliás, no Rio, nós não temos a Casa da Bossa Nova'”, lembra Menescal.
Naquela reunião, em 2017, a data de nascimento de Tom Jobim - 25 de janeiro - foi sugerida por Solange para ser a data que celebraria a bossa nova. E ali, tinha início um processo que recebeu o apoio de Humberto Braga, então secretário de Música e Artes Cênicas do Ministério da Cultura, e que em 2019, instituiria por lei, o Dia Nacional da Bossa Nova.
*Com Agência Brasil
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