"Inventário Participativo de Bens Culturais" tem à frente o empreendimento cultural Aruê!
Da redação
Araçatuba
pautasfr@gmail.com
A Aruê! Arte, Cultura e Holismo, empreendimento cultural de Araçatuba, lança nesta quinta-feira (29), o IPBC (Inventário Participativo de Bens Culturais, ), idealizado pelo produtor cultural e diretor da entidade Rafael Batista, e que contou com uma equipe de especialistas para o seu desenvolvimento. O material está disponível no site da instituição (www.ipbc.arue.com.br).
O objetivo do projeto foi identificar e documentar referências culturais, de qualquer natureza, e atender à demanda pelo reconhecimento de bens representativos da diversidade e pluralidade cultural dos grupos formadores da sociedade, proporcionando o que se chama de educação patrimonial. Este é o primeiro resultado prático do Inventário.
A equipe à frente do projeto destaca o fato de a pesquisa ter sido realizada dentro de um contexto de pandemia e diante de tantas perdas que o araçatubense sofreu, pois mesmo assim a população se manifestou e participou no processo de resgatar e valorizar as referências culturais do município.
“Araçatuba é uma referência em nossa região e até mesmo no mundo. Quando convidamos a população para catalogar elementos que delineiem referências culturais e patrimônios de nosso município, fomos prontamente atendido. Isso demonstra que ações que busquem a manutenção e preservação de patrimônios devem continuar acontecendo, porque associamos valores como cidadania, participação social, arte, cultura, turismo e melhoria da qualidade de vida”, ressalta Batista.
O projeto também contou com a curadoria do historiador e mestre em educação (UFG) Daniel Fernando de Lima, auxílio de pesquisa pelo também professor e historiador Renan Farjado, bem como o apoio das estudantes de Arquitetura e Urbanismo Ana Laura Roma Rodrigues e Maria Eduarda De Brito Silva, que atuaram na pesquisa e catalogação de material de interesse histórico-cultural.
O IPBC foi realizado em parceria com a 1º de Janeiro – Comunicação Cultural e Estúdio Criativo Alices Contra. É apoiado com recursos da Lei Emergencial Aldir Blanc nº 14.017, de 29/06/2020, do Governo Federal, e gerido pela Prefeitura Municipal de Araçatuba, através da Secretaria Municipal da Cultura.
IPBC
Cinco pilares constituem o inventário e são eles: “lugares”, “objetos”, “celebrações”, “formas de expressão” e “saberes e ofícios”.
Na categoria “lugares”, o critério para catalogar é definido a partir da seguinte ideia: alguns territórios, ou parte deles, podem ter significados especiais. Esses significados costumam estar associados à forma como o território é utilizado ou valorizado por certo grupo.
Para as referências dos “objetos” foram levados em consideração aqueles itens produzidos e utilizados que se relacionam fortemente com a memória e a experiência das pessoas, por estarem associados a fatos significativos de sua história, tornando-se assim, uma referência cultural para elas.
Nas celebrações, levou-se em consideração que todo grupo promove celebrações, por motivos diversos: religiosos, de lazer, de festejar as datas especiais para o local, para a cidade, o estado, o país. As celebrações importantes para uma comunidade passam de geração em geração. Com o decorrer do tempo, alguns elementos podem ser modificados, retirados ou inseridos na celebração.
As formas de expressão foram as mais diversas possíveis e, assim, foram levadas em consideração que nelas estão presentes valores e significados da cultura de um grupo. Elas fazem parte de todos os momentos da vida coletiva, desde o cotidiano até os momentos de celebração, transmitindo a visão que as pessoas têm da vida. Entre elas, algumas são marcantes para os grupos sociais, pois dão visibilidade e sintetizam suas identidades.
Já para os “saberes e ofícios”, conforme Daniel Lima, “foi gratificante ter contato com lideranças religiosas, mestre de capoeira, artesão e artistas, benzedeiras que suas ações resultam em técnicas e conhecimentos próprios que contribuem como referências culturais para inúmeros grupos de pessoas em nossa cidade”. Tais saberes envolvem o conhecimento de técnicas e matérias-primas que dizem muito sobre o meio ambiente e o modo como as pessoas interagem com ele. Alguns saberes e práticas explicam muito da história sociedade araçatubense.
RESULTADOS
Entre os resultados da pesquisa, a religiosidade foi traço marcante na participação popular, com indicação de lugares, prédios, espaços de uso coletivo com fins religiosos e também saberes religiosos de matriz indígena, africana, europeia, muçulmana e oriental.
“Identificamos também a forte influência da cultura oriental em nosso município, esse elemento ficou destacado quando a população indica desde a fazenda que era antiga propriedade de Anze Molizi, no bairro rural da Água Limpa, passando por templos budistas de nosso município, o festival Bon Odori e o Torii, construído na praça Tosca de Castro Kohl.”, explica o pesquisador Rafael Batista.
Um dos objetivos do IPBC, é fazer com que diferentes grupos e diferentes gerações se conheçam e compreendam melhor uns aos outros, promovendo o respeito pela diferença e o reconhecimento da importância da pluralidade. E a meta foi atingida, segundo a organização.
O resultado de pesquisa é imprescindível ainda para que se compreenda que espaços públicos, como praças, parques, o rio Tiête, o Ribeirão Baguaçu, córregos e lagoas de Araçatuba, devem ser preservados e necessitam de manutenção contínua, pois, a população utiliza esses espaços não somente para lazer, como para expressar a sua fé, além de reconhecer a importância ambiental desses elementos.
“Infelizmente detectamos que a questão do poder econômico tem atropelado ações de preservação e manutenção de complexos arquitetônicos em nosso município”, lamenta o historiador. Ele alerta que a sociedade precisa estar atenta à questão da preservação.
“Não podemos deixar de destacar que a sociedade precisa falar sobre manutenção e preservação de referências culturais o que é extremamente importante, mas precisamos também de ações práticas por parte da população e de instituições governamentais”, completa.
PRÓXIMOS PASSOS
De acordo com a Aruê!, o projeto terá continuidade. Neste sentido, a população poderá indicar referências culturais de nosso município por meio de formulário disponibilizado em nossas redes socais e no site da entidade. .
Rafael Batista explica que o inventário é, primordialmente, uma atividade cívica, e que a participação da população é de extrema importância.
Fale com o Folha da Região!
Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.