Economia

Artigo: Impactos do aumento da Selic

Por Redação | 25/03/2021 | Tempo de leitura: 2 min

Enzo Constantino – Graduando de Economia FEA USP - RP

Certamente, o assunto mais falado na semana passada foi sobre o aumento da Selic, também conhecida como Taxa Básica de Juros, realizado na reunião do COPOM (Comitê de Política Monetária) na última Quarta-Feira (17). Mas como esse aumento pode afetar o mercado?

Após 6 anos sem elevar a Selic, quando optou pelo patamar de 14,25% ao ano em 29/07/2015, o COPOM decidiu por unanimidade aumentar em 75 basis points (0,75 pontos percentuais), de 2% para 2,75% ao ano. A alta foi maior que o esperado pelo consenso, que tinha expectativa de uma elevação de 50 BPS (basis points).

Considerando esse ajuste na Taxa Básica de Juros, saímos da mínima histórica (2% ao ano) e iniciamos um “ciclo altista” para a mesma. Segundo os economistas, é de se esperar novas elevações nas próximas reuniões do COPOM.

Primordialmente, no âmbito dos investimentos, uma elevação na Selic pode dar início a uma “rotação” de produtos (investidores tirando dinheiro de um produto e alocando em algum outro). Com o cenário anterior, Selic em 2%a.a, os investimentos de Renda Fixa ficavam pouco atrativos, até mesmo para os investidores mais conservadores que possuem muita aversão ao risco, sendo assim houve um grande êxodo de investidores em relação aos produtos de Renda Fixa, os quais decidiram por migrar para a Renda Variável, que apesar de apresentar certos riscos pode trazer resultados mais satisfatórios (2020 foi ano recorde de entrada de pessoas físicas na Bolsa de Valores). Porém, essa mudança no valor da Selic causa impacto direto sobre o rendimento dos títulos de Renda Fixa, uma vez que boa parte deles é atrelado ao CDI, que acompanha a Selic, tornando-os pouco mais rentáveis e, consequentemente, mais atraentes. Dessa forma, pode ser que com um aumento expressivo da Taxa Básica de Juros, possamos ver uma saída considerável de investidores mais conservadores da Renda Variável, já que se satisfazem com o rendimento atual atrelado ao CDI dos títulos de Renda Fixa.

Por outro lado, na esfera corporativa, o aumento da Selic pode afetar negativamente alguns empreendedores e algumas empresas. Os pequenos empresários, que estão iniciando sua carreira no empreendedorismo e dependem de crédito para estruturar seu negócio, serão afetados com essa elevação, uma vez que o crédito ficará “mais caro”, fato que pode desestimular a atividade do empreendedorismo, fazendo com que a economia gire mais devagar e o nível de empregabilidade fique abaixo do ideal. Já as empresas que estão consolidadas no mercado, contudo trabalham de forma alavancada (com dívidas, geralmente, pós fixadas), poderão perder “valor de mercado”, uma vez que quando trazidas as dívidas a valor presente, serão maiores por conta da sua relação com a Selic.

Em suma, apesar do aumento da Taxa Básica de Juros ser inevitável para que tenhamos uma Taxa Real positiva (taxa de juros – inflação), é necessário que fiquemos atentos às consequências que esse aumento pode trazer para a Economia como um todo.

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