Numa festa na capital paulista, um amigo nosso, ficou surpreso, quando se viucom dois proprietários de terras na Amazônia. Um deles virou e disse: "eu mandei desmatar só 50%. O outro, disse: "Dei a árvores para um mateiro, quis só a terra limpa". O curioso é que ambos nunca lidaram com agropecuária na vida. Um vai para lá, só uma vez por anoe, outro nem sabe aonde é. Nosso amigo, foi em mais mesas com a mesma enquete: Você conhece alguém que tem terras no Amazonas? Estarrecido, só recebeu respostas positivas que quando não era o próprio consultado, era um parente ou conhecido próximo. Saiu ele com a percepção,de que cada condomínio, deve ter pelo menos um dono de terras.
Não cabe aqui, debater a venda da Amazônia. A questão é: Pessoas que adquiriram áreas no Amazonas como se fosse um investimento financeiro.Um não sabia quanto gado tinha, o outro nem de raça entendia. E diziam: "Investi bem! Outro dizia: "Não vi lucro ainda! E outro: " quem é que vai pagar o prejuízo da mata parada? " Umdizia: "não tenho área no Amazonas, só no Mato Grosso". E o outro: "Um dia vou ter uma lavra de "nibório" (nióbio). Vem um e diz: "um dia iremos colocar nomes dos Garimpeiros nas estradas e praças de lá, graças a eles Amazonas terá indústrias! ".E comparava eles com os Bandeirantes.
São investidores, esperam o lucro. Este é o nosso maior mal. Achamos que Amazonas está lá. A floresta? Está lá! Falta saber que há interrelação do ar comigo, da terra, do solo, com sua vida. A razão humana retrógrada, busca uma posição de proeminência sobre a natureza. Subjugamo-la. Não a vemos como parte de um ecossistema, parte da natureza. E que nós fazemos parte dele. Igual ao absurdo que se ouve na mídia: "A hidroponia elimina o risco de o solo vir a contaminar os alimentos"… Nesta concepção, uma floresta então é uma epidemia!
São donos de florestas, sem noção do que é umecossistema. Desconhecem a simbiose: Para polinizar ou dispersar as sementes, tal planta se adaptou para uma única espécie de inseto. Este, nela vai para se alimentar; que por sua vez, é alimento de tal pássaro. Muitas são endêmicas. Ou seja, acabou ali acaba para sempre.O solo da Amazônia é pobre, muito arenoso. O que sustém as árvores são suas raízes horizontais, sobrevive à custa de uma crosta de um metro das serapilheiras (folhas no chão). As raízes têm o auxílio de fungos os Micorrizas, finíssimos canudinhos que chupam os nutrientes. Na Floresta tropical não existe outono, ou seja, não existe época para preparar a terra e arar. Com suas raízes superficiais, as árvores são brutalmente abatidas. Chega a ser uma covardia derrubá-las, pela fragilidade em que elas se sustentam.
Sim, Amazônia deve se desenvolver, e as pessoas de lá devem se evoluir socialmente. Universidades e ONGs, buscam alternativas técnicas de avançar economicamente sem destruir uma árvore, através do extrativismo dos recursos naturais, numa sociedade participativa, numa simbiose de saberes. Temos de um lado a mata e do outro o mar. Sobre nós está a integração ou o Armagedom. É só escolher.
Francisco Moreno - Membro do GCCM
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