O encerramento do ano costuma vir acompanhado de balanços, liquidações e um pico expressivo nas compras online. Nesse ambiente de consumo acelerado, um golpe conhecido volta a ganhar força: o da falsa encomenda. A fraude se aproveita do grande fluxo de pedidos típicos do período e da atenção fragmentada do consumidor para se infiltrar na rotina digital.
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Mensagens sobre pacotes retidos, cobranças inesperadas ou supostos problemas logísticos chegam em momentos estratégicos, quando o comprador acompanha várias entregas ao mesmo tempo. A urgência criada artificialmente é o principal gatilho para que a vítima aja sem confirmar a origem do contato.
A concentração das entregas em domicílio amplia o alcance do golpe. Estudos da AMVO e da Euromonitor mostram que, na América Latina, a entrega direta na casa do consumidor se consolidou como o modelo predominante do e-commerce — movimento que também se reflete no Brasil, especialmente fora do varejo alimentar. Alternativas como retirada em loja ou lockers perderam relevância, tornando a porta de casa o elo mais sensível da cadeia.
Com milhões de pacotes circulando ao mesmo tempo, o ambiente se torna propício para interferências criminosas justamente no momento em que a expectativa do consumidor está mais alta.
O golpe da falsa entrega deixou de ser amador. Criminosos passaram a replicar comunicações completas de marcas conhecidas, copiar textos institucionais, criar códigos de rastreamento fictícios e desenvolver links falsos que simulam páginas oficiais. Em alguns casos, a diferença entre a mensagem legítima e a fraudulenta é quase imperceptível.
Essa sofisticação acompanha a evolução do próprio e-commerce e desafia tanto consumidores quanto empresas a adotarem novos critérios de verificação.
O excesso de mensagens também contribui para a confusão. Dados do State of Customer Communication Survey, da Sinch, indicam que 55% dos consumidores já receberam comunicações reais que pareciam golpes. Além disso, 39% apontam notificações dentro de aplicativos como o meio mais seguro, enquanto 69% afirmam confiar mais em mensagens com elementos verificáveis, como logotipos oficiais e perfis autenticados.
O resultado é um consumidor mais atento, porém saturado, que precisa decidir rapidamente em quem confiar.
Para especialistas, o combate à fraude passa pela clareza. “A comunicação precisa ser reconhecida instantaneamente. Não é mais só informar, é provar quem está falando”, afirma Mario Marchetti, diretor-geral da Sinch na América Latina.
Segundo ele, tecnologias como RCS e WhatsApp Business permitem que empresas operem com contas verificadas, identidade visual consistente e recursos interativos, o que dificulta a ação de golpistas. “Uma mensagem autêntica reduz drasticamente a margem de dúvida do consumidor”, explica.
O RCS possibilita o envio de notificações com nome da marca validado, selo de autenticidade, botões de ação e códigos exclusivos. Já o WhatsApp Business API organiza avisos críticos — como status de entrega, alertas e comprovantes — em templates padronizados e reconhecíveis, evitando ambiguidades comuns no encerramento do ano.
Além de proteger o consumidor, esse tipo de comunicação fortalece a reputação das empresas em um período decisivo para fidelização.
Entre as principais recomendações para comércios digitais e marketplaces estão:
“Em um fim de ano marcado por alto volume e pressa, comunicação segura deixa de ser detalhe e se torna parte da experiência de compra”, resume Marchetti.