30 de dezembro de 2025
ATENÇÃO, MOTORISTA!

Seu jeito de dirigir pode revelar falhas de memória; VEJA

Por Bia Xavier - JP |
| Tempo de leitura: 3 min
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Dirigir costuma ser encarado como um hábito automático, repetido quase sem esforço no dia a dia. No entanto, por trás de cada trajeto estão processos mentais complexos que envolvem memória, atenção, percepção visual e tomada rápida de decisões. Pesquisas recentes mostram que alterações sutis nesse comportamento podem funcionar como um alerta precoce para problemas cognitivos, incluindo perdas de memória.

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O carro como espelho do cérebro

Especialistas apontam que a condução de um veículo exige a atuação simultânea de diversas áreas do cérebro. Planejar rotas, reagir ao trânsito, interpretar sinais e manter o controle motor são tarefas que tornam a direção especialmente sensível a pequenos déficits cognitivos. Quando essas funções começam a falhar, o motorista tende a se adaptar sem perceber, mudando gradualmente sua forma de dirigir.

Sinais que aparecem antes da perda de memória

Pesquisas conduzidas em universidades dos Estados Unidos, Canadá e Japão identificaram padrões recorrentes em motoristas que apresentaram declínio cognitivo leve ao longo do tempo. Entre os comportamentos observados estão a condução mais lenta em trajetos conhecidos, maior dificuldade em manter o veículo alinhado na faixa e variações inesperadas de aceleração e frenagem.

Outro indício relevante é a mudança repentina de rotas habituais ou erros em caminhos simples, algo que costuma surgir antes mesmo de lapsos de memória se tornarem evidentes no cotidiano.

Evitar dirigir à noite pode ser um alerta

A direção noturna exige maior esforço do cérebro, já que a visibilidade reduzida demanda respostas mais rápidas e maior capacidade de processamento visual. Estudos indicam que o hábito de evitar dirigir após escurecer, quando associado a outros sinais, pode indicar dificuldades cognitivas iniciais. Isoladamente, porém, esse comportamento não representa diagnóstico.

Como a ciência identifica esses padrões

Nos últimos anos, pesquisadores passaram a usar sensores instalados em veículos para coletar dados detalhados sobre a condução. Informações como velocidade média, horários de uso, frenagens bruscas e desvios de rota são analisadas ao longo do tempo. Instituições como a Universidade do Missouri e a McGill University observaram que mudanças progressivas nesses registros podem antecipar o risco de comprometimento cognitivo.

Cansaço ou problema cognitivo?

Embora estresse, ansiedade e fadiga também afetem o modo de dirigir, há uma diferença importante: estados emocionais costumam gerar alterações pontuais e irregulares. Já o declínio cognitivo se manifesta por padrões consistentes e progressivos, repetidos ao longo dos meses ou anos.

Prevenção e qualidade de vida

A identificação precoce desses sinais pode fazer diferença. Especialistas defendem que o comportamento ao volante funcione como um biomarcador comportamental não invasivo, auxiliando médicos e familiares a recomendar avaliações preventivas, ajustes no estilo de vida e medidas para garantir a segurança do motorista.

O futuro da direção e da saúde cerebral

Com o avanço da inteligência artificial, pesquisadores trabalham no desenvolvimento de sistemas capazes de analisar automaticamente grandes volumes de dados de direção. A proposta é transformar o carro em uma ferramenta discreta de monitoramento da saúde cerebral, sempre com foco em privacidade e consentimento.

Esses estudos apontam para uma nova abordagem na medicina preventiva, na qual hábitos cotidianos, como dirigir, podem ajudar a preservar autonomia, segurança e qualidade de vida por mais tempo.