A influenciadora digital Sophia Barclay, de 25 anos, anunciou nas redes sociais sua pré-candidatura a deputada pelo partido Novo, em São Paulo. A publicação foi feita na última semana e teve ampla repercussão nas plataformas digitais.
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Na imagem divulgada, Sophia aparece usando um broche com a bandeira do Brasil no blazer. O anúncio ultrapassou 120 mil curtidas e gerou comentários favoráveis e contrários à sua decisão de ingressar na política partidária.
Parte das críticas aponta contradição entre sua identidade de gênero e o posicionamento político adotado, uma vez que setores da direita costumam se opor a pautas relacionadas à população trans, como políticas públicas específicas, reconhecimento de identidade de gênero e combate à discriminação. Outros comentários questionam sua representatividade dentro do campo político que escolheu.
As reações também vieram de grupos progressistas, que afirmam que a direita brasileira historicamente rejeita pessoas trans. Já setores conservadores colocaram em dúvida sua identificação política, alegando que ela não representa esse espectro ideológico.
Ao mesmo tempo, apoiadores manifestaram concordância com a pré-candidatura. Alguns usuários se identificaram como integrantes da comunidade LGBTQIA+ com posicionamento político semelhante e afirmaram ver na candidatura uma alternativa dentro da direita. Também houve comparações com parlamentares trans eleitas anteriormente, como Erika Hilton (PSOL-SP).
Sophia declara que defende direitos individuais e afirma que, em sua visão, pautas relacionadas à população LGBTQIA+ passaram a ser usadas como instrumento político. Segundo ela, sua atuação não está ligada a militância identitária. Entre as propostas mencionadas pela influenciadora está a defesa da criminalização do conceito de “criança trans”, posição que diverge de parte do movimento trans.
Em relação a parlamentares do mesmo campo ideológico, Sophia afirma acreditar no diálogo como ferramenta política. Ela cita o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) como alguém com quem gostaria de conversar, apesar de discordâncias públicas envolvendo declarações sobre pessoas trans.
Nascida em Guarulhos (SP), Sophia relata que deixou a casa da família aos 15 anos. Criada em ambiente religioso, foi batizada na Congregação Cristã do Brasil e afirma manter sua fé. A transição de gênero ocorreu em 2021, durante a pandemia.
Antes de se tornar influenciadora digital, trabalhou em diferentes atividades no comércio e em atendimento telefônico. Em suas redes sociais, já relatou experiências pessoais, incluindo situações vividas na infância, sem entrar em detalhes.
A possibilidade de disputar um cargo eletivo surgiu recentemente. Sophia afirma que optou pela direita por acreditar que esse campo político defende autonomia individual e menor dependência do Estado. Na eleição presidencial de 2022, declarou ter votado nulo e, posteriormente, passou a apoiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo a influenciadora, sua decisão política foi tomada após um período de estudo e formação de opinião própria. A pré-candidatura ainda depende da confirmação do partido e do calendário eleitoral.