A Eli Lilly apresentou resultados que voltaram a movimentar o mercado de tratamentos para obesidade. Um novo medicamento injetável, ainda em fase experimental, mostrou uma eficácia considerada inédita tanto na redução de peso quanto no controle da dor provocada pela osteoartrite — condição que afeta milhões de pessoas e costuma piorar com o excesso de peso.
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Os dados mais recentes, divulgados pela farmacêutica nesta quinta-feira, indicam que os voluntários que receberam a dose mais alta da substância chegaram a perder mais de 23% do peso corporal ao longo de 68 semanas. Em muitos casos, a perda foi tão acentuada que alguns participantes optaram por deixar o estudo antes do fim. A taxa de abandono foi maior entre pessoas com IMC abaixo de 35.
Além do efeito no peso, o estudo mostrou um impacto expressivo na dor no joelho — principal motivo de procura por tratamento entre quem convive com osteoartrite. De acordo com a própria companhia, a queda relatada na dor ultrapassou 62%, com relatos de pacientes que terminaram o período sem sentir incômodo algum.
O desempenho superou as expectativas de analistas, que esperavam algo entre 20% e 23% de redução de peso e melhora mínima de 50% no desconforto articular. A reação das bolsas foi imediata: as ações da Lilly chegaram a subir mais de 2% na abertura em Nova York.
O remédio, chamado retatrutide, combina três hormônios intestinais — GLP-1, GIP e glucagon — abordagem que especialistas apontam como a próxima fronteira dos tratamentos metabólicos. Essa tecnologia pode colocar o laboratório à frente da concorrência em um setor projetado para movimentar US$ 100 bilhões até 2030.
A Lilly já domina o mercado com o Zepbound, hoje um dos antidiabéticos e emagrecedores mais populares. Mas busca versões ainda mais potentes e com menos efeitos adversos. A disputa é intensa: a dinamarquesa Novo Nordisk, por exemplo, viu suas ações caírem depois que a injeção experimental CagriSema ficou aquém da meta de 25% de redução de peso.
O estudo com o retatrutide também observou quedas na pressão arterial e em marcadores de doenças cardiovasculares. Mesmo assim, efeitos colaterais foram frequentes, principalmente em doses maiores. Náusea, diarréia, constipação e episódios de disestesia — sensação nervosa desconfortável — foram os mais comuns. Cerca de 18% dos voluntários na dose mais alta interromperam o tratamento por esse motivo.
A farmacêutica prepara uma série de novos estudos para avaliar o medicamento em obesidade grave e outras doenças associadas, como problemas renais e cardíacos. Resultados adicionais devem ser publicados a partir do próximo ano.