12 de dezembro de 2025
UNIÃO NO MERCADO PET

Cade anuncia fusão entre Petz e Cobasi, mas com restrições; veja

Por Da Redação |
| Tempo de leitura: 3 min
Foto: Will Baldine/JP
Em Piracicaba há duas unidades da Cobasi e outra da Petz

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deu aval, com restrições, à fusão entre as redes de produtos e serviços para animais de estimação Petz e Cobasi na última quarta-feira (10). A união das empresas resultará na maior rede varejista do segmento no Brasil, com faturamento anual projetado em cerca de R$ 7 bilhões.

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Para que a operação seja concluída, as companhias deverão vender aproximadamente 26 unidades no estado de São Paulo, a maior parte localizada na capital. De acordo com informações divulgadas pelas empresas, essas lojas representam aproximadamente 3,3% da receita da nova companhia nos últimos 12 meses. Atualmente, ambas operam juntas 515 lojas. Em Piracicaba há duas Cobasi e uma Petz.

Exigências do Conselho

O relator do caso, conselheiro José Levi Mello do Amaral, argumentou que o pacote de desinvestimento na região de São Paulo visa promover um "reforço competitivo" no mercado mais sensível à concentração. O acordo engloba também a implementação de medidas comportamentais, como a limitação de cláusulas de exclusividade.

A conselheira Camila Cabral Pires Alves foi a única a divergir parcialmente, manifestando incerteza quanto à efetividade da seleção das lojas indicadas para venda. Ela alertou que "mesmo após o remédio, continuaremos tendo uma quantidade relevante de mercados com problemas".

O presidente do Cade, Gustavo Augusto Freitas de Lima, destacou que a eficácia do acordo dependerá do interesse de potenciais adquirentes. A Petlove, principal concorrente e agente contrário à fusão no processo, manifestou formalmente seu interesse em participar da aquisição.

A nova companhia combinada será responsável por cerca de 40% do mercado pet brasileiro, que movimenta anualmente R$ 80 bilhões. A expectativa é que a economia de custos gerada por sinergias atinja R$ 330 milhões.



No acordo societário estabelecido para a fusão, a divisão da participação acionária na nova empresa combinada ficou definida em 52,6% para os acionistas da Petz e 47,4% para os acionistas da Cobasi. Adicionalmente à participação acionária majoritária, a Petz receberá um montante de R$ 400 milhões, sendo R$ 130 milhões provenientes de dividendos.

A fusão enfrentou forte resistência da Petlove, que atua predominantemente no comércio eletrônico. A concorrente argumentou ao Cade que a combinação Petz-Cobasi criaria um grupo "30 vezes maior que o terceiro colocado", prejudicando a concorrência. A Petlove considerou a venda de 26 lojas como um remédio "claramente inefetivo".

O Cade, no entanto, rejeitou o argumento, afirmando que o pacote de desinvestimentos e compromissos comportamentais é suficiente. Na defesa, Petz e Cobasi sustentaram que a análise concorrencial deveria incluir o ambiente digital, onde os consumidores comparam preços entre lojas físicas e online.

A operação havia sido aprovada sem restrições em junho pela Superintendência-Geral do Cade, mas foi encaminhada ao Tribunal após recurso da Petlove e alerta da diretoria de estudos econômicos, que indicava um potencial aumento de preços de até 15% em mercados com alta concentração sem a imposição de remédios.

Com a aprovação, as empresas operarão mais de 480 lojas e plataformas digitais, consolidando-se como a maior estrutura do varejo pet no país. O Cade prometeu vigilância contínua sobre o impacto da fusão em preços, variedade de produtos e entrada de novos concorrentes.

O Jornal de Piracicaba entrou em contato com a Cobasi para saber os próximos passos e a situação da empresa na cidade, porém a empresa informou que não pode se pronunciar sobre o assunto.