Dois terços dos suplementos alimentares avaliados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apresentam algum tipo de irregularidade, segundo o levantamento mais recente do órgão. Falhas em ingredientes, dosagem, validade e ausência de testes obrigatórios de pureza e estabilidade estão entre os problemas identificados, expondo a fragilidade da fiscalização em um mercado de crescimento acelerado.
A alta taxa de reprovação, que atingiu 65% dos produtos analisados até julho de 2025, ocorre em um cenário de forte expansão do setor. Dados do Sindusfarma de 2025 mostraram um salto de 37% no volume de vendas de vitaminas e suplementos no ano anterior.
Apesar dos riscos, a Anvisa prorrogou até setembro de 2026 o prazo final para que as empresas do setor se adequem às normas de segurança e qualidade.
A gerente de regularização de alimentos da Anvisa, Patrícia Ferrari Andreotti, informou em audiência pública que "dois terços dos produtos avaliados" não estão em conformidade com o padrão de segurança exigido. Entre 2020 e 2025, 63% das investigações abertas pela agência na área de alimentos foram relacionadas a suplementos.
Médicos e nutricionistas alertam que o uso indiscriminado de produtos irregulares ou sem orientação profissional expõe os consumidores a sérios riscos, incluindo danos hepáticos, renais, cardiovasculares e hormonais.
Toxicidade e Órgãos: A ingestão de suplementos sem acompanhamento, especialmente vitaminas lipossolúveis (A, D e E) e termogênicos, pode sobrecarregar órgãos. O risco inclui intoxicação hepática, arritmias e falência renal.
Composição Oculta: Produtos vendidos como "naturais" podem conter substâncias farmacológicas não declaradas.
Moda e Ciência: A nutricionista Juliana Crivellaro reforça que o consumo aleatório, motivado por tendências ou rótulos atrativos, não garante ganho de performance e deve ser substituído pela indicação baseada em exames e necessidade real.
A médica nutróloga Danielli Orletti, em entrevista ao G1, sugeriu medidas para mitigar os riscos de adquirir um suplemento irregular:
A Anvisa e o Instituto IPSConsumo alertam, ainda, para o risco de vendas online de suplementos falsificados, que utilizam embalagens idênticas às originais, sendo os mais difíceis de rastrear e punir.