A cesta básica entregue aos servidores públicos de Piracicaba registrou aumento contínuo ao longo dos últimos 12 meses e se manteve acima dos R$ 300 durante praticamente todo o período analisado. É o que aponta o levantamento enviado pelo Grupo Painel Econômico ESALQ-USP ao Jornal de Piracicaba, que comparou a evolução dos preços monitorados pelo Índice de Cesta Básica (ICB) com o valor do vale-alimentação aprovado pela prefeitura para 2026, de R$ 270.
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De acordo com o estudo, o preço médio dos 17 itens acompanhados mensalmente pelo ICB entre agosto de 2024 e agosto de 2025 foi de R$ 302,63. Em sete dos 12 meses, os valores ficaram acima dessa média, especialmente a partir de março de 2025, quando a cesta ultrapassou R$ 316. Observe o gráfico abaixo, realizado pelo Painel Econômico com dados do Indice da Cesta Básica de Piracicaba:
O item com maior alta foi o café, que subiu 61,57% no período. Produtos como extrato de tomate (23,73%), sabonete (26,42%) e óleo de soja (18,20%) também contribuíram para o aumento do custo total da cesta. Mesmo com pequenas quedas pontuais — como no arroz — o conjunto dos itens manteve trajetória de alta.
O grupo também estimou quanto custaria ao servidor comprar a cesta completa no varejo da cidade. Usando duas metodologias diferentes, o valor ficou em R$ 322,71 (segundo levantamento direto em sete mercados) e R$ 379,97 (com base nos preços médios do ICB), ambos acima do novo valor do benefício.
Enquanto os preços sobem, a Prefeitura publicou nesta quarta-feira (26) o Edital de Chamamento Público nº 02/2025 para contratar a empresa responsável pela implementação, fornecimento e administração do vale-alimentação por cartão eletrônico.
A mudança foi definida em março por uma comissão com representantes da prefeitura e do Sindicato dos Trabalhadores Municipais. O valor total do benefício será de R$ 310 — sendo R$ 270 referentes ao vale-alimentação e R$ 40 ao Programa Café da Manhã, que também deixará de ser fornecido fisicamente.
O edital prevê investimento estimado de R$ 29,76 milhões por 12 meses, considerando os atuais 7.909 servidores ativos. A cesta física será mantida até o fim do processo de credenciamento da empresa vencedora. Aposentados e pensionistas seguirão recebendo a cesta mesmo após a mudança.
As empresas interessadas têm 15 dias úteis para apresentar documentação, e as regras completas estão no Diário Oficial do Município.
Apesar da mudança estrutural no formato do benefício, o levantamento da Esalq indica que o valor de R$ 270 já começa abaixo do necessário para repor os itens básicos da antiga cesta.
“Todas as análises mostram que o custo da cesta fica acima de R$ 300”, aponta o documento. O estudo reconhece limitações metodológicas — como diferenças de marca e preços praticados em compras públicas —, mas reforça que a tendência dos preços no varejo aponta para perda de poder de compra caso o valor não seja revisto futuramente.