O Bolsa Família passou por uma das mudanças mais profundas dos últimos anos desde junho, com efeitos imediatos na folha de pagamento de julho de 2025. A nova regulamentação altera o funcionamento da chamada Regra de Proteção — faixa em que famílias que têm pequena melhora de renda continuam recebendo parte do benefício — e pode reduzir pela metade o valor pago a quem ultrapassar os critérios de entrada.
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O governo federal afirma que a reformulação busca priorizar famílias em situação mais crítica e equilibrar o orçamento do programa. Na prática, porém, o período de proteção será encurtado e os critérios, endurecidos, afetando milhares de famílias urbanas que ainda dependem do auxílio para garantir despesas básicas.
Com o novo modelo, três grupos passam a existir dentro da faixa de transição. O tempo de permanência e o limite de renda variam conforme a situação da família, gerando impactos diferentes no valor recebido.
1. Famílias que já estavam na proteção até junho de 2025
Este é o único grupo que mantém as regras anteriores. Para esses beneficiários:
Assim, quem já estava no sistema de transição não perde direitos com a mudança.
2. Famílias que entrarem na proteção a partir de julho de 2025
Aqui está a mudança mais sentida pela maioria. Quem ultrapassar o limite de renda a partir de julho terá:
É este grupo que pôde ver o benefício cair de cerca de R$ 600 para aproximadamente R$ 300 já em julho, caso se enquadre na nova regra.
3. Quem tem aumento de renda considerado estável
A regra é ainda mais curta para famílias que passam a receber aposentadoria, pensão ou BPC (exceto no caso de pessoas com deficiência). Para elas:
Na prática, quem passa a contar com um benefício fixo sai rapidamente da transição.
A reformulação não altera o valor oficial do programa para quem está dentro dos critérios de pobreza. Também segue valendo a possibilidade de retomar o benefício integral caso a renda caia novamente. Além disso, famílias que já estavam na Regra de Proteção até junho terão seus direitos preservados até o fim do ciclo de 24 meses.
A redução acontece porque, na fase de proteção, apenas metade do benefício é paga. Com um valor médio de aproximadamente R$ 600, o pagamento cai para algo em torno de R$ 300 — e ficará assim até o fim do período de transição. Encerrado o prazo, a família pode deixar o programa definitivamente caso permaneça acima do limite.
A mudança tem gerado debate. Enquanto o governo defende que a medida é necessária para ampliar o atendimento às famílias mais pobres, especialistas e beneficiários apontam risco de instabilidade financeira, já que pequenos aumentos de renda podem resultar em cortes imediatos.