05 de dezembro de 2025
ATENÇÃO

Unhas em gel: o que muda com a proibição de substância em esmalte

Por Will Baldine | Jornal de Piracicaba |
| Tempo de leitura: 2 min
Reprodução
Substâncias podem ser cancerígenas

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou a retirada de duas substâncias usadas na formulação de esmaltes em gel, TPO e DMPT, após decisão publicada no fim de outubro. A medida segue parâmetros adotados pela União Europeia e tem impacto direto em produtos utilizados por profissionais e consumidores que recorrem à técnica.

Saiba Mais:

O TPO, identificado como óxido de difenilfosfina, e o DMPT, conhecido como dimetiltolilamina (DMTA), foram classificados na Europa como compostos do grupo CMR 1B — categoria que reúne substâncias avaliadas em estudos animais com potencial para causar efeitos relacionados a câncer, mutações genéticas ou alterações reprodutivas. A dermatologista Mariana Hafner, do Hospital Israelita Albert Einstein, afirma que o TPO foi enquadrado como tóxico para reprodução e o DMPT como possível agente relacionado à formação de tumores.

Segundo Hafner, esses resultados indicam risco presumido para humanos, embora os efeitos não tenham sido confirmados em pesquisas clínicas. A especialista destaca que os estudos que embasaram a classificação utilizaram doses elevadas e exposição prolongada em roedores, em condições diferentes das observadas no uso cotidiano. Por esse motivo, ainda são necessárias novas investigações para definir uma relação direta entre contato com essas substâncias e danos à saúde. A Anvisa decidiu pela proibição como forma de prevenção.

TPO e DMPT funcionam como fotoiniciadores, substâncias que reagem à luz ultravioleta ou LED para endurecer o esmalte durante o processo de fotopolimerização. Quando essa etapa não é realizada de forma adequada, resíduos podem permanecer nas unhas e entrar em contato com a pele ou serem inalados.

A dermatologista Glauce Eiko, da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional São Paulo, explica que a exposição eventual apresenta risco reduzido, mas o contato repetido, principalmente entre profissionais que utilizam os produtos em rotinas intensas, pode gerar acúmulo no organismo. Esse processo pode favorecer alterações celulares e interferências hormonais, com impacto sobre fertilidade.

Outros efeitos associados ao uso de esmaltação em gel

Além das substâncias banidas, especialistas mencionam outros pontos de atenção relacionados à técnica. A remoção inadequada do esmalte pode causar desgaste na lâmina ungueal, tornando-a mais suscetível a danos físicos. A exposição frequente à radiação ultravioleta durante a secagem, embora em doses baixas, pode elevar discretamente o risco de alterações cutâneas ao longo do tempo.

Também há registros de dermatite de contato associada aos acrilatos presentes nas fórmulas dos esmaltes. As lesões podem se manifestar apenas na região das unhas ou atingir outras áreas da pele, dependendo do grau de sensibilização.