Na China, tem ganhado força uma prática pouco convencional: o uso de chupetas por adultos como forma de aliviar o estresse, combater a ansiedade ou até interromper o cigarro. Os acessórios, feitos de silicone ou borracha, circulam em e-commerces chineses por valores variados.
Consumidores têm compartilhado nas redes sociais um sentimento de conforto e segurança remanescente da infância ao utilizar o item em momentos de tensão. Alguns afirmam que o objeto auxilia no relaxamento, no foco e até na qualidade do sono.
Uma das chupetas adultas mais vendidas em sites chineses mede 4,5 centímetros de comprimento, 2,5 cm a mais que as chupetas usadas por bebês menores de 6 meses. Os produtos, encontrados em diversas cores e texturas, custam entre R$ 6,60 e R$ 250. Na China, algumas lojas online afirmam vender mais de 2 mil desses itens por mês.
Entretanto, especialistas ouvidos por veículos de imprensa alertam que, embora a tendência pareça inofensiva ou até terapêutica, ela não resolve a raiz dos transtornos emocionais — e pode causar mais prejuízos do que benefícios. Comparável ao ato de fumar para lidar com o nervosismo, o uso da chupeta seria um paliativo sem fundamentação científica.
VEJA MAIS
Segundo psicólogos e psiquiatras, a ansiedade pode ter múltiplas origens — desde pressões cotidianas, como excesso de trabalho e dificuldades financeiras, até transtornos mais complexos que exigem acompanhamento clínico. Por isso, recorrer a objetos ou hábitos que apenas mascaram os sintomas tende a prolongar o sofrimento.
No âmbito odontológico, profissionais indicam diversos impactos negativos. A sucção contínua pode causar retrações gengivais—que expõem a raiz dos dentes, resultando em sensibilidade ou até perda dental—, além de disfunções na articulação temporomandibular (ATM) e alterações no encaixe dos dentes, como mordida aberta. Essas complicações exigem tratamentos mais complexos, principalmente em adultos.
Como alternativa, os especialistas recomendam buscar suporte terapêutico qualificado — como psicoterapia analítica ou a terapia cognitivo-comportamental — em vez de recorrer a artifícios paliativos, que podem postergar a resolução do problema e gerar novas complicações.