A crescente tensão na "guerra comercial" entre Brasil e Estados Unidos começa a se refletir diretamente no cenário econômico brasileiro. Os EUA, o principal país em volume de investimentos estrangeiros diretos no país, tendem a reduzir o aporte de capital, uma medida que pode gerar impactos significativos na economia nacional.
Segundo dados do Banco Central, os estadunidenses investem cerca de quatro vezes mais que a Espanha, o segundo colocado no ranking. Em 2023, os investimentos dos EUA no Brasil atingiram a marca de aproximadamente US$ 270 bilhões, contra quase US$ 70 bilhões dos espanhóis. Essa grande diferença demonstra o peso da relação bilateral na economia do país.
O tarifaço imposto por Donald Trump entrou em vigor no último dia 6 de agosto. A medida já gera forte impacto na balança comercial de centenas de municípios, especialmente aqueles com forte dependência das exportações para o mercado norte-americano. Piracicaba, a quarta cidade que mais exporta para os Estados Unidos, é um dos locais que mais deve sentir os efeitos da nova tarifa.
Ao Jornal de Piracicaba, o presidente do Simespi (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico, Eletrônico, Siderúrgicas e Fundições de Piracicaba, Saltinho e Rio das Pedras), Erick Gomes, ressaltou os riscos da escalada da guerra comercial e as medidas que o sindicato planeja tomar para mitigar os impactos.
Segundo Gomes, a incerteza do cenário atual é o principal fator que pode afastar o capital norte-americano. "Existe a possibilidade real de queda no aporte de capital dos EUA no Brasil em razão da guerra comercial. Nenhuma empresa dirige seus investimentos a um país que está sendo fortemente taxado", afirmou.
Apesar da importância do mercado brasileiro, a insegurança comercial tem feito com que as empresas "segurem" seus investimentos, de acordo com o presidente do Simespi. "Precisamos aguardar para ver os desdobramentos e medir os impactos", completou.
Gomes destacou ainda que o sindicato já está em ação desde que a tarifa de 50% foi anunciada pelo governo de Donald Trump. "O Simespi tem se mobilizado no sentido de propor alternativas, que acreditamos ser viáveis, para que seja garantido o emprego e mantida a saúde financeira das empresas que poderão ter seu fluxo de caixa comprometido. Estamos acompanhando tudo com muita atenção", finalizou.