18 de dezembro de 2025
PIRACICABA, 258 ANOS

Helinho Zanatta: saúde e água são prioridade zero

Por André Thieful |
| Tempo de leitura: 8 min
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À frente da Prefeitura de Piracicaba desde janeiro, o prefeito Helinho Zanatta (PSD) falou ao Jornal de Piracicaba por ocasião do aniversário de 258 anos do município, celebrado neste 1º de agosto. Em entrevista exclusiva, Zanatta fez um balanço dos primeiros sete meses de gestão, detalhou os principais desafios enfrentados — especialmente nas áreas de saúde e abastecimento de água — e apontou as ações prioritárias para o segundo semestre. O prefeito também comentou os possíveis impactos da nova tarifa imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, medida que pode afetar diretamente a economia piracicabana, e falou sobre os esforços da administração para apoiar os permissionários atingidos pelo incêndio no Mercado Municipal.

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1. Em primeiro lugar, obrigado por nos atender. O senhor fechou o primeiro semestre à frente da Prefeitura de Piracicaba. Que avaliação faz da sua gestão nesses primeiros seis meses?
Foram sete meses de muito trabalho para colocar a casa em ordem. Fizemos um grande trabalho de reestruturação administrativa para fazer a máquina funcionar melhor. De imediato, estabilizamos o problema de falta de água, que havia se agravado muito no ano passado. Não estamos dizendo que não falta mais, mas a escassez ocorre em proporção infinitamente menor do que antes. Isso é algo que ouvimos da própria população nas ruas. Intensificamos os serviços de zeladoria, com limpeza, manutenção de vias e outras melhorias. A saúde começou a funcionar da forma correta, dando prioridade à atenção básica. Mas sabemos que ainda falta muito, e estamos trabalhando para fazer ainda mais. Viemos para fazer o que precisa ser feito — e isso não é apenas um bordão, é o nosso lema diário.

2. Para o segundo semestre, quais ações o senhor considera prioritárias?

Seguiremos promovendo transformações em diversas áreas da nossa gestão. A saúde tem passado por uma grande reestruturação para oferecer melhores serviços. Seguiremos trabalhando para zerar as filas de exames e consultas, para que, depois, possamos gerenciar os atendimentos dentro da normalidade. A descentralização e a melhoria da qualidade do atendimento são nossos focos prioritários. A zeladoria continuará com melhorias. A educação também segue passando por transformações. E seguimos investindo na questão da água. O mesmo acontece com as demais áreas da nossa gestão. Continuaremos trabalhando para avançar, fazendo gestão e fazendo o que precisa ser feito. Além disso, estamos em uma grande articulação em busca de recursos externos para a nossa cidade, por meio de deputados estaduais, federais e senadores, e também junto aos governos estadual e federal.

3. Logo após assumir o cargo, o senhor determinou o contingenciamento de recursos de diversas secretarias municipais. Desde então, parte desses valores vem sendo gradualmente liberada. Atualmente, qual montante ainda está contingenciado e há previsão de liberação total desses recursos?

Foi um contingenciamento necessário, para compreender melhor a máquina e o orçamento, mas também por cautela, diante das questões econômicas. O orçamento é uma previsão de receita, e os gastos são praticamente fixos. Então, um bom gestor deve investir com cautela os recursos — sejam eles públicos ou privados — mas, tratando-se de recursos públicos, entendo que esse zelo deve ser ainda maior. Devido às necessidades pontuais, fomos liberando os recursos, e assim continuaremos.

4. No fim do ano passado e no início da sua gestão, saúde e abastecimento de água estavam entre os principais gargalos do município — temas que dominaram boa parte das suas entrevistas. Como essas áreas vêm sendo tratadas atualmente e que avanços já foram alcançados no enfrentamento desses problemas?

São duas áreas que têm total prioridade. Saúde e água representam a sobrevivência, e por isso eu digo que são prioridade zero! Diariamente, parte do meu tempo como prefeito é dedicado a esses dois setores — assim como aos demais — pois sou um prefeito que cobra diariamente e acompanha tudo o que é possível, sempre dando nossa diretriz. Estamos em uma fase de arrumação. Bons reflexos já foram notados, mas ainda há muito por vir.

Na saúde, por exemplo, temos os mutirões de exames, que tiveram resultados excelentes para zerar as filas. Além disso, estamos melhorando a estrutura das unidades para oferecer mais conforto e qualidade à população. Já reformamos e entregamos as seguintes unidades: USF Algodoal, USF Eldorado 2, USF Santa Fé, UBS Planalto, USF Ártemis, UBS Cecap, USF Tupi e USF Monte Líbano. Atualmente, temos oito unidades em reforma: USF Mário Dedini 2, USF Kobayat Líbano, USF Cecap, Farmácia Cecap (que será entregue na próxima semana), USF Jaraguá, UBS Piracicamirim, USF Serra Verde e USF São José. Além disso, estamos promovendo melhorias com equipe própria na Clínica dos Olhos e no Centro de Especialidades Médicas (o Postão).

Em relação aos investimentos no SEMAE, destacamos que diversas obras estão sendo realizadas, entre elas a troca de 19,7 km de rede e adutoras em Santa Terezinha, que já estão sendo licitadas. Também haverá a troca de ramais pelo Método Não Destrutivo (MND) e substituição de adutora de água tratada, referente ao projeto de redução de perdas e setorização no bairro.

Há ainda diversas obras em andamento, como a reestruturação da ETA II - Luiz de Queiroz, que já está em execução e visa assegurar o abastecimento estável para quase um terço da população piracicabana. A obra também trará benefícios como maior eficiência operacional, redução de custos com limpeza manual frequente, melhor qualidade da água tratada e adequação ambiental com vistas à futura Estação de Tratamento de Lodo (ETL).

Estamos na fase final da licitação para contratação de empresa para coleta, transporte e destinação final de lodo seco gerado nas ETLs das Estações de Tratamento de Água (ETAs) Capim Fino, Luiz de Queiroz e Anhumas, incluindo o monitoramento e gerenciamento online dos serviços prestados. Essa ação tem como foco evitar possíveis desabastecimentos que podem afetar cerca de 122 mil piracicabanos — incluindo 22 escolas, 36 unidades de saúde, além de hospitais e órgãos de segurança pública — em 179 bairros da cidade.

Também contratamos empresa para realização de pequenos reparos e consertos de vazamentos na rede, o que tem permitido ao Semae ser mais ágil no tempo de resposta às solicitações feitas pela população. A ampliação da ETA Capim Fino está com obras em fase final e, quando concluída, aumentará consideravelmente o volume de produção de água ofertada aos piracicabanos.

Estão sendo realizadas obras de setorização da rede de água da cidade, com instalação de 1.000 novos registros de pressão, substituição de registros de manobra antigos e instalação de VRPs (Válvulas Reguladoras de Pressão). A criação de novos setores permite dividir a rede de abastecimento em zonas menores, monitorar o consumo e as perdas de maneira mais eficaz, facilitar a detecção de anomalias e permitir intervenções rápidas.

Também iniciamos a construção da nova adutora de água tratada Capim Fino – Torre de TV e da Estação de Tratamento de Lodo (ETL) da ETA Anhumas, beneficiando mais de 97 mil pessoas em 19 bairros da zona norte da cidade.

5. O aniversário de Piracicaba, celebrado neste 1º de agosto, coincide com a entrada em vigor da nova tarifa imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Considerando que Piracicaba está entre as cidades que mais exportam no Estado de São Paulo e que os EUA são o principal destino dessas exportações, como o senhor avalia os impactos dessa medida para a economia local?

Ainda temos esperança de que a área diplomática do Brasil e dos Estados Unidos consiga chegar a um acordo, para que nosso país, estado e cidade não sejam prejudicados. Os impactos são extremamente negativos, principalmente para nossa cidade, que terá sua economia significativamente afetada por essa decisão.

6. Como prefeito, que medidas a administração municipal pode adotar para minimizar os impactos da nova tarifa americana sobre a economia de Piracicaba?

Do ponto de vista local, infelizmente, não há muito o que possa ser feito. O que temos feito é atuação política, pedindo às pessoas com quem temos interlocução em nível federal que busquem saídas diplomáticas. Entendemos que o governo federal precisa encontrar uma solução urgente para o problema. Caso isso não aconteça, outras alternativas devem ser construídas, pois, em âmbito municipal, não temos ferramentas para solucionar essa questão. Ao contrário, a cidade como um todo é prejudicada.

7. Sobre o incêndio no Mercado Municipal: como será feita a reconstrução da parte danificada? E que tipo de apoio a Prefeitura está oferecendo aos permissionários afetados?

Desde o primeiro momento, estivemos ao lado de toda a equipe da Prefeitura — com diversas secretarias, servidores — e também dos permissionários, para tentar minimizar os danos ocasionados. O prédio tem seguro, e estamos aguardando as providências relativas a isso. Da nossa parte, prestamos total solidariedade e apoio aos permissionários afetados e estamos buscando alternativas possíveis para auxiliar nesse processo de reconstrução.

Em comum acordo com a Associação de Comerciantes do Mercado Municipal, estamos avaliando a possibilidade de instalar uma estrutura provisória no bolsão de estacionamento, para que eles possam retomar o trabalho o quanto antes. No entanto, é preciso fazer um levantamento completo das necessidades, desde a parte estrutural até os pontos de instalação e logística. Também conversamos sobre a possibilidade de os permissionários terem acesso a financiamentos estaduais com juros baixos, para compra de novos equipamentos e formação de estoque. Mas tudo isso será definido em diálogo constante com os envolvidos.