Uma nova pesquisa, publicada na última segunda-feira (14) no The Journal of Parkinson’s Disease, aponta que os cães, podem ir além da companhia e se tornar verdadeiros aliados na medicina. O estudo, conduzido por pesquisadores da organização Medical Detection Dogs e das universidades de Bristol e Manchester, ambas no Reino Unido, demonstrou que cães treinados são capazes de detectar a doença de Parkinson pelo cheiro da pele dos pacientes mesmo antes que os primeiros sintomas se manifestem.
"Estamos extremamente orgulhosos de dizer que, mais uma vez, os cães podem detectar doenças com muita precisão. O diagnóstico oportuno é fundamental, pois o tratamento subsequente pode retardar a progressão da doença e reduzir a intensidade dos sintomas", destacou Claire Guest, coautora do artigo, CEO e diretora científica da Medical Detection Dogs em comunicado oficial.
Durante as observações, dois cães – Bumper, um Golden Retriever, e Peanut, um Labrador – foram submetidos a um treinamento intensivo por várias semanas. Eles foram expostos a mais de 200 amostras de sebo (substância oleosa da pele) de pessoas com e sem Parkinson. Em um teste duplo-cego, onde nem os participantes nem os pesquisadores sabiam quem estava recebendo tratamento ou intervenção, os resultados dos cães foram notáveis:
Os animais também conseguiram detectar a presença de Parkinson em amostras de pacientes que apresentavam outros problemas de saúde, reforçando a especificidade de sua detecção. As amostras eram apresentadas em um sistema de suporte, e os cães eram recompensados sempre que indicavam corretamente uma amostra positiva e por ignorar corretamente uma amostra negativa.
Atualmente, não existe um teste definitivo para diagnosticar o Parkinson, e em alguns casos, os sintomas podem levar até 20 anos para aparecerem. Nesse cenário, a descoberta de biomarcadores olfativos e a capacidade dos cães de identificá-los surge como uma esperança significativa para o diagnóstico precoce e uma intervenção terapêutica mais oportuna.
A doença de Parkinson é uma condição crônica e progressiva causada pela neurodegeneração das células do cérebro. Estima-se que cerca de 10 milhões de pessoas no mundo vivam com Parkinson. Embora seja mais comum em idosos com mais de 65 anos, pode se manifestar em outras idades.
A doença afeta principalmente as funções motoras, causando sintomas como: lentidão dos movimentos, rigidez muscular e tremores. Além disso, os pacientes podem apresentar diminuição do olfato, alterações do sono, mudanças de humor, incontinência ou urgência urinária, dor no corpo e fadiga. Cerca de 30% das pessoas com Parkinson também desenvolvem demência associada.