Um levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) apontou que supermercados enfrentam escassez de trabalhadores em oito das dez funções com maior presença na folha de pagamento do setor. Juntas, essas ocupações representam cerca de 70% da força de trabalho do segmento.
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A pesquisa indica que o mercado de trabalho brasileiro opera atualmente com baixos índices de desemprego, o que dificulta o preenchimento de vagas. A situação levou, em alguns casos, ao adiamento da abertura de novas unidades, segundo informações da Associação Paulista de Supermercados (Apas).
Essas funções exigem algum nível de qualificação técnica, o que tem se tornado um desafio para os empregadores. Um estudo da consultoria de recursos humanos ManpowerGroup mostrou que 81% das empresas no Brasil enfrentam dificuldade para encontrar profissionais com as competências necessárias.
Além da escassez de candidatos qualificados, empresas também relatam obstáculos para manter os trabalhadores contratados. A rotatividade aumentou em 2024, com crescimento tanto nas contratações quanto nas demissões voluntárias. Dados da Fundação Getulio Vargas (FGV), divulgados em novembro, revelam que, em setembro, 38,5% das demissões foram a pedido dos próprios empregados — o maior índice já registrado.
Outro fator observado é a redução do interesse de jovens por vagas em supermercados. Antes considerados como porta de entrada no mercado de trabalho, esses cargos têm sido preteridos por ocupações informais, que oferecem maior flexibilidade de horário. Dados do IBGE e do Sebrae mostram que, entre 2013 e 2023, o número de jovens de 18 a 29 anos com negócios próprios cresceu 23%. Apesar disso, apenas uma parte desses empreendimentos emprega outros trabalhadores.
O setor supermercadista acumula atualmente cerca de 357 mil vagas em aberto, o que corresponde a 3,9% do total de empregos formais no setor, segundo dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), divulgados em setembro.
Diante da dificuldade de contratação, redes varejistas têm adotado estratégias alternativas. Investimentos em automação, como a instalação de terminais de autoatendimento, estão em expansão. Ao mesmo tempo, parcerias com instituições de ensino, entidades de classe e órgãos públicos têm sido utilizadas na tentativa de atrair novos profissionais.
As empresas também têm ampliado a oferta de benefícios não obrigatórios por lei, como folgas em datas comemorativas e alimentação no local de trabalho. Além disso, muitas têm apostado na requalificação dos funcionários já contratados para preencher funções técnicas.