Um estudo ambiental revelou que 13 corpos d'água da bacia do Rio Piracicaba apresentam níveis insuficientes de oxigênio para manter a vida aquática. A análise faz parte de uma resposta à tragédia ambiental de julho de 2024, que resultou na morte de 235 mil peixes em um trecho de 70 quilômetros do rio.
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As coletas, realizadas em dezembro de 2024, mostraram que os níveis de oxigênio dissolvido (OD) estão abaixo dos 5 mg/L recomendados pelo Conama. Segundo a Cetesb, espécies como carpas conseguem sobreviver com 3 mg/L, enquanto trutas exigem concentrações de 8 mg/L.
A principal causa da baixa oxigenação é a presença de matéria orgânica, que consome oxigênio durante sua degradação. Além disso, o diagnóstico apontou concentrações de coliformes fecais 24 vezes acima dos limites permitidos, indicando falhas no tratamento de esgoto. O promotor Ivan Carneiro Castanheiro alerta que os grandes municípios da região deveriam adotar um tratamento avançado para conter a poluição.
As áreas mais afetadas incluem Piracicaba, Santa Bárbara d’Oeste, Americana, Sumaré e Paulínia, onde a urbanização e o escoamento de poluentes agravam a contaminação. A tragédia ambiental teve impactos severos, atingindo a Área de Proteção Ambiental (APA) do Tanquã, habitat de mais de 700 espécies. A recuperação da fauna pode levar cerca de nove anos. A Usina São José, apontada como responsável pela contaminação, recebeu multa de R$ 18 milhões e está sob investigação do Ministério Público e da Polícia Civil.
O estudo, conduzido por diversas instituições ambientais, ainda prevê mais três ciclos de coletas para aprofundar a avaliação da qualidade da água.