18 de dezembro de 2025
DECLÍNIO

Queda nas ações da Raízen reflete desafios no setor de etanol

Por Da Redação | Jornal de Piracicaba |
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Divulgação
Desde janeiro, as ações da Raízen acumulam uma queda de 21,76%, e em 12 meses o declínio chega a 54,93%.

As ações da Raízen, do bilionário Rubens Ometto, sofreram uma queda histórica de 7,65% nesta quarta-feira (5), atingindo R$ 1,69 – o menor valor registrado pela companhia. A queda é resultado de uma série de desafios enfrentados pela empresa, com destaque para o impacto das políticas dos EUA e da União Europeia em relação ao etanol de segunda geração e o aumento da pressão financeira.

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Desde janeiro, as ações da Raízen acumulam uma queda de 21,76%, e em 12 meses o declínio chega a 54,93%. A empresa, que busca reduzir sua dívida com a alta dos juros, enfrenta dificuldades com seu ambicioso projeto de construção de 20 usinas de etanol de cana de segunda geração até 2030. O etanol celulósico, produzido a partir de bagaço de cana, é considerado uma alternativa mais limpa, mas os incentivos esperados para combustíveis sustentáveis, como o etanol, não se concretizaram nem na Europa nem nos EUA.

A Raízen contava com esses incentivos para tornar seus investimentos mais rentáveis, mas o mercado tem mostrado resistência. A empresa também passou a reduzir sua equipe de sustentabilidade, especialmente após a saída do CEO Ricardo Mussa, que tinha um foco maior em questões ambientais e na transição energética.

Além disso, a S&P Global Ratings rebaixou a perspectiva da Raízen de "estável" para "negativa", devido ao aumento da alavancagem da empresa e à pressão da alta de juros, o que tem dificultado o retorno sobre os investimentos em usinas de etanol. A empresa ainda conta com um financiamento de R$ 1 bilhão aprovado pelo BNDES para um novo projeto de etanol celulósico, mas seu futuro agora é incerto. A companhia não se manifestou.

A Cosan, controladora da Raízen, também enfrentou dificuldades financeiras, tendo vendido sua participação de 4,9% na Vale para reduzir seu endividamento, que caiu de R$ 23 bilhões para R$ 14 bilhões. A venda, no entanto, gerou um prejuízo de R$ 9,4 bilhões, considerando o valor pago pela aquisição. A empresa tem lidado com altas taxas de juros - que continuarão subindo -, e lucros menores de seus negócios de açúcar e etanol. A companhia tem lutado com dívidas desde que adquiriu a participação na Vale em 2022. “O nível atual das taxas de juros exige que reduzamos a alavancagem da Cosan”, disse Ometto em um comunicado. “O foco deve ser na disciplina financeira para que possamos continuar a crescer", escreveu.