SOLIDARIEDADE

Fios que encantam e levam magia a quem adoece

Por Ariadne Gattolini |
| Tempo de leitura: 3 min
Arquivo pessoal
Mara Pereira preside o projeto e visita hospitais e clínicas em todo o país
Mara Pereira preside o projeto e visita hospitais e clínicas em todo o país

A casinha simples na Vila Arens lembra a arquitetura antiga de casa de vó. Plantas e samambaias penduradas, um colorido nas paredes, com portas e janelas para quem quiser entrar. Mas quem entra mesmo ali é a esperança e alegria, mesmo no câncer. Nos corredores, mulheres crochetam. Na sala girassol, costuram e, no bazar, a vontade de arrecadar mais fundos para acolher mais crianças, jovens e mulheres com câncer.

Quem pilota esta missão, quase totalmente feminina, é Mara Pereira, uma senhora de 53 anos, com turbante colorido nos cabelos que agora crescem, depois de ter sido raspado somente para reconhecer a dor das mulheres em tratamento. E um sorriso largo. Um dos sorrisos mais largos que conheci.

Mara iniciou sua missão nos hospitais sendo palhaça. E com aquela vontade de quem já nasce vocacionada para ajudar. Começou aos poucos confeccionando toucas para crianças, turbantes para as mulheres e logo abraçou a magia dos super-herois para dar às crianças a certeza de que herois são mesmo elas, agora com toucas impecáveis com os símbolos da força e magia.

E assim a missão ultrapassou Jundiaí, já atingiu todos os estados do Brasil e chegou ao México. E quem visita todos estes hospitais é a mesma Mara, agora travestida de Bela e a fada-madrinha que chegou para alegrar os que estão ao lado. “Quando chego no hospital, eu pergunto se a pessoa aceita uma touca ou peruca. Normalmente, eles dizem não, pois pensam que tem custo. Quando eu digo que é uma doação, elas abrem um sorrisão. E esses momentos bonitos fazem o nosso trabalho valer a pena.”    

Durante as visitas, ela se aproxima das mães dos pacientes e troca número de celular e continua conversando com as mãezinhas, que se sentem acolhidas por Bela, que acompanha o tratamento destes pacientes. “Às vezes, elas só precisam de um abraço.”

Tudo começou para ajudar o Grendacc (Grupo Grupo em Defesa da Criança com Câncer) em 2018, mas a chegada de novas voluntárias pôde expandir o projeto. E assim elas também criaram uma almofada em forma de coração para dar conforto às mulheres que retiraram suas mamas e linfonodos que ficam nas axilas. Com o apoio, elas têm mais conforto enquanto convalescem.  

As voluntárias chegam a 100, muitas crochetam e tricotam de casa, enquanto outras ficam duas vezes por semana na sede da entidade, crochetando, costurando e botando o papo em dia, trocando receitas e histórias familiares em um voluntariado que, sem dúvida alguma, é terapêutico também. Sueli Coalhado é responsável por montar a peruca e idealizar o design das peças. “Venho de segunda e quarta-feira aqui e a Mara compartilha conosco as histórias que vai colhendo Brasil afora. Ver o sorriso de uma criança não tem preço.”

Para manter o projeto, elas fazem rifas, vendem peças no bazar, contam com doações. Não raro, o projeto também apoia as famílias com cestas básicas, dando suporte a quem para de trabalhar para cuidar de um familiar doente. Muitas sonham em ajudar o projeto a comprar uma casa própria. Outras deixam parte de seu lucro ali, como a loja Algodão Doce.

Mara afirma que as doações podem ser feitas por lã e tecidos, específicos para quem está em tratamento. Agora, na Festa da Uva, a entidade tem a barraca de cachorro-quente e vai precisar de doações para os insumos. PIX também é bem-vindo.      
Reconhecida pelo Rank Brasil pelo recorde de  "Maior número de Doações de Toucas e Perucas em Maior Número de Estados do Brasil", enquanto as mãos solidárias tiverem força continuarão levando a alegria para quem está em tratamento. Porque um sorriso não tem preço.

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