Conforme dados pesquisados pela institução Francisca Júlia CVV (Centro de Valorização da Vida houve alta na taxa de admissão de pacientes jovens do gênero feminino, com idades entre 22 e 40 anos de idade, em instituções de tratamento de saúde mental durante 2023. O número chegou a 55%, em contraste com os 45% referentes ao sexo masculino.
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Esse resultado representa um aumento de 8% em relação aos dados de 2017, quando a proporção de internações femininas era de 47%. Nos anos anteriores, a proporção de internações de mulheres se mantinha inferior, atingindo seu ponto mais baixo em 2018, com 39% das internações delas, em comparação com 61% de homens.
Diferentes idades
Segundo a Francisca Júlia CVV, nos últimos seis anos, diferentes faixas etárias têm enfrentado desafios de saúde mental.
Observa-se, por exemplo, aumento nas internações de mulheres com idades entre 22 e 30 anos e de 31 a 40 anos a partir de 2021, que naquele ano somavam 23% das internações no gênero feminino, e terminam alcançando, juntas, 27% em 2023.
Já as faixas etárias de 41 a 50 anos e mais de 50 anos mantiveram uma presença estável nas taxas de internação a partir de 2021, com uma média de 6% e 4%, respectivamente, considerando os dados de 2021, 2022 e 2023.
Mulheres buscam apoio
De acordo com a enfermeira e gerente assistencial da instituição, Tânia Guerra, as mulheres buscam mais apoio do que os homens, e recorrem ao internamento por uma variedade de motivos que vão desde pensamentos suicidas até depressão pós-parto.
Nesse sentido, as instituições focadas no tratamento de saúde mental devem oferecer equipes multidisciplinares, independentemente do gênero dos pacientes, para acompanhar essas situações de perto.
O acolhimento envolve profissionais como assistentes sociais, educadores físicos, médicos e psicólogos, que devem conhecer a especificidade de cada caso e, assim, melhorar a adesão das pacientes ao tratamento individualmente.
"Quando falamos em saúde mental, o tratamento medicamentoso, embora essencial para estabilizar a pessoa em crise, não é suficiente por si só. Ele funciona como um suporte inicial, mas é o apoio contínuo da equipe que faz a diferença. No caso das mulheres, que precisarão retomar suas vidas após o tratamento, é necessário que as equipes se dediquem a prepará-las para esse momento", explicou Tânia.