'BONS DE BRIGA'

Conquistas recentes mostram o ‘DNA’ de Piracicaba; ‘as pessoas fazem por amor'

A cidade tem um trabalho muito forte nas artes marciais e vem colhendo os frutos em competições

Por Erivan Monteiro | 09/02/2024 | Tempo de leitura: 4 min
erivan.monteiro@jpjornal.com.br

Claudinho Coradini/JP

Lukas Bueno enaltece trabalho de seus pupilos: ‘O céu é o limite para gente’
Lukas Bueno enaltece trabalho de seus pupilos: ‘O céu é o limite para gente’

Piracicaba literalmente não foge de “uma boa briga” quando o assunto são os esportes de luta. Esse “DNA esportivo” se mostra muito evidente ao longo dos últimos anos, com resultados de destaque em campeonatos internacionais, como panamericanos, mundiais e olimpíadas, entre outros.

As conquistas recentes de Neto Gonçalves, no Europeu de Jiu-Jitsu, e de Leônidas Novais, no Mundial de Muay Thai, na Tailândia, reforçam essa tese de uma cidade que já cedeu atletas para olimpíadas e panamericanos, além de muitos competidores campeões mundiais nas mais diversas artes marciais.

Até o MMA tem representante de Piracicaba atualmente, com Bruno “Bulldog” Silva. Isso mostra a força, a tradição e a diversidade da Noiva da Colina.

“Na minha opinião, o piracicabano é muito guerreiro e não espera nada de ninguém. Se só entre nós, conseguimos chegar pela segunda vez seguida em um mundial, imagine se a gente tivesse apoio”, teoriza o técnico Lukas Bueno, técnico de Leônidas. “Ele tem de trabalhar, dar aula, treinar e ainda consegue (as conquistas). A Isa (Anaisa Naldi, que foi medalha de bronze no Mundial da Tailândia) a mesma coisa. Imagine se investissem no esporte na cidade? O céu é o limite para gente”.

Lukas Bueno ainda está com seus pupilos na Tailândia – volta a Piracicaba somente no dia 15 – e tem observado que outros atletas da Seleção Brasileira que compõem a delegação têm muito mais recursos e incentivos de suas respectivas cidades. “A gente tem outros atletas da seleção que estão com a gente que a cidade pagou tudo, tudo, tudo. Então, se tivéssemos um suporte maior, nós faríamos mais bonito”, opina. “Mas eu tenho fé de que um dia a gente vai conseguir”, finaliza.

Já Flávio Junqueira, mestre e professor de Neto Gonçalves, disse que o trabalho individual – como o feito por sua academia (Alliance) – faz toda a diferença na conquista de medalhas. “O jiu-jitsu é um esporte amador e não olímpico. Não temos o apoio da prefeitura e nem do Estado para atletas”, lamenta.

Junqueira lembrou que, no caso do jiu-jitsu, “as pessoas fazem por amor e não por dinheiro”. “É isso que todos os atletas têm em comum na cidade. Colocam o coração e todas as energias em algo incerto, assim como foi minha carreira”, falou.

‘QUALIDADE’

Para o professor Diego Spigolon, piracicabano coordenador da Seleção Brasileira de Karatê, muito mais que ter estruturas impecáveis nas academias, grandes tecnologias ou espaço para treinamento acima da média, vem “a qualidade dos profissionais envolvidos; a dedicação dos alunos/atletas”, declarou o esportista.

“Se não tiver material humano para trabalhar, com pessoas dispostas a pagar o preço que alto rendimento exige, as coisas não acontecem”, disse Spigolon. “Piracicaba realmente tem grandes profissionais nas artes marciais. Nós temos uma tradição de bons professores, que deixaram o seu legado”, lembrou.

No karatê piracicabano, os principais nomes da história são Natalia Brozulatto e Hernani Veríssimo. Natalia foi 12 vezes campeã nacional; penta sul-americana; medalhista panamericana; e campeã dos Jogos Pan-Americanos, entre outros inúmeros títulos. Já Veríssimo também marcou com conquistas de panamericanos, além de ser tricampeão sul-americano e bicampeão do Pan do karatê, só para citar algumas medalhas.

“Eu faço meu papel com o karatê e tem muitos outros profissionais que fazem esse trabalho também. Aliás, tenho muito orgulho de falar que a SportWay (academia) deu oportunidade para bons profissionais de outras áreas, como o professor Marlon Pedroso e o Julio no boxe; o Marcos Ribeiro; Gustavo Sandoval; professor João Paulo, do muay thai; o professor Felipe Vidal, no jiu-jitsu; e depois surgiu o Bruninho ‘Bulldog’, que hoje está no UFC”, enumera.

Por falar em “Bulldog”, o atleta que atualmente mora e treina nos Estados Unidos também falou sobre a relação do piracicabano com as artes marciais. “O piracicabano e o brasileiro já têm essa vontade dentro de si de ser guerreiro e de não desistir nunca. Então, isso nos transforma em lutadores. Foi o que aconteceu comigo. Eu vim da periferia e você se transforma em um lutador automaticamente. É algo natural”, explicou.

Consultada sobre o apoio aos atletas, a Selam (Secretaria de Esportes Lazer e Atividades Motoras) informou que atualmente atende a várias modalidades de lutas, como taekwondo, karatê, judô, kickboxing e boxe, por meio do chamamento público. 

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