Mãe de autista relata importância do cordão do girassol e pede reconhecimento

Por edicao_jp |
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Acessório é utilizado como identificador de pessoas com deficiências ocultas, para que funcionários exerçam atendimento humanizado

Há seis anos, Sueli Arvati Hoffman passou a se dedicar a entender e estudar o autismo depois que o filho caçula, Ian, foi diagnosticado com o transtorno neurológico. Como toda criança que tem como base uma família estruturada e carinhosa, ele vai à escola, tem uma vida social tranquila, amigos de infância, brinca e aprende. Mas para evitar constrangimentos durante viagens, passeios e compras, ela decidiu encontrar uma forma de expressar as necessidades do filho, o cordão do girassol.

Com o objetivo de sinalizar para equipes de estabelecimentos que o cliente pode necessitar de um suporte especial em virtude de uma deficiência oculta, o cordão de girassol nada mais é do que uma faixa verde estreita, similar com a de crachás e estampada com desenhos da referida flor.

São classificadas como deficiências ocultas o autismo, esclerose múltipla, fibromialgia, fibrose cística, entre outras.

Dentre os benefícios de usar o cordão estão: direito de receber informações mais detalhadas sobre os serviços oferecidos pelos estabelecimentos; ajuda para ler as placas de sinalização presentes nos estabelecimentos e para locomover-se pelos locais e possibilidade de não permanecer em filas caso isso seja algo desconfortável. “São pessoas que não buscam qualquer privilégio no atendimento e sim, compreensão e empatia”, reforça. 

Sueli conheceu o cordão por meio do perfil no Instagram do projeto @inclusaoem_acao voltado a informação e conscientização do acessório, além da venda. Por tê-lo achado importante e interessante, logo o adquiriu. O valor estimado atualmente é de R$60. Nele, há a tecnologia do Cartão QR Code personalizado ao usuário.

“É possível incluir dados pessoais, laudos, receitas médicas, exames, relatórios, carteira de vacinação, entre outros. Tudo o que julgar necessário para armazenamento rápido e seguro, além do telefone de contato (caso a pessoa se perca)”, explica.

LEI FEDERAL

Desenvolvido por funcionários do aeroporto Heathrow, em Londres (Inglaterra) em 2016, o acessório é internacionalmente conhecido, mas não há sancionada uma norma de concessão e utilização do Cordão de Girassol como símbolo de identificação das pessoas com deficiências ocultas, em âmbito federal. 

“O que nós, mães e pais e responsáveis por pessoas com deficiências ocultas buscamos é a institucionalização, o reconhecimento deste cordão. Com isso, será mais divulgado e por consequência, teremos mais apoio”, reivindica. 

O Projeto de Lei 5486/20 altera a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (13.146/15) para prever o uso do cordão de fita com desenhos de girassóis por pessoa com deficiência não visível externamente. O texto tramita na Câmara dos Deputados.

HISTÓRIA

Kim Baker, inglesa, viajou de férias com sua família para a Espanha, em junho de 2019. Seu filho tem autismo. Então, ela optou por colocar o acessório na criança. Essa decisão tornou a viagem mais tranquila. Quando chegaram em Málaga, cidade de destino da viagem, um trabalhador notou o cordão e logo os acompanhou, situação em que receberam atenção para que não precisassem passar por alguns processos rotineiros de segurança.

O relato de Kim em suas redes sociais se tornou viral e o cordão passou a ser adotado, também, em outros tipos de estabelecimentos, como supermercados e estações ferroviárias ao redor do mundo. O objetivo é, sempre, alertar os funcionários sobre possíveis necessidades especiais de alguns clientes.

Laís Seguin

lais.seguin@jpjornal.com.br

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