Evolução dos padrões de conduta

Por André Sallum | 16/07/2021 | Tempo de leitura: 3 min

É inquestionável, no nível civilizatório em que nos encontramos, a necessidade de preceitos morais, códigos de ética e leis para regulamentar a vida de relações, garantindo direitos individuais e deveres recíprocos, indispensáveis a uma vida em sociedade.

Os padrões morais estabelecidos em uma sociedade tornam-se referência de comportamento, assim como estabelecem as condutas tidas como negativas, cuja prática acarreta sanções e punições de acordo com a legislação vigente. Ocorre que os códigos morais, os padrões éticos e as leis são dinâmicos e variam no tempo e no espaço. O que foi aceitável e legal em determinada época, como a escravidão humana, hoje é inadmissível e crime. Podemos supor que comportamentos vigentes na atualidade serão, no futuro, inaceitáveis. Por isso as leis e os preceitos morais evoluem com a sociedade, acompanhando, mais ou menos, a evolução do pensamento, dos costumes e da conduta humana, ao mesmo tempo balizando-os.

Com relação ao comportamento humano, são tantos os seus condicionantes, sejam educacionais, familiares, religiosos, políticos, sociais, que torna-se difícil estabelecer padrões de conduta abrangentes. Ao mesmo tempo, é necessário balizar as ações individuais e coletivas a fim de evitar ou ao menos minimizar quaisquer formas de desrespeito aos direitos humanos.

Durante as fases de desenvolvimento consciencial em que o psiquismo humano ainda se revela frágil ou inseguro, é importante que existam regras, preceitos e leis a serem seguidos, tanto civis e criminais quanto religiosas, de modo a regular, educar e controlar os comportamentos humanos, evitando, com isso, que impulsos impróprios ou destrutivos encontrem caminho livre para sua expressão. Disso decorre, dentre inúmeros outros motivos, o valor dos preceitos religiosos para aqueles que os reconhecem e os seguem com sinceridade.

Por serem espiritualmente mais maduros, aqueles que possuem valores expressos em comportamentos acima do convencional causam estranheza e admiração. Quando suficientemente compreendidos, passam a ser considerados exemplos de benevolência, sabedoria e santidade, transformando-se em referência de moralidade e objetos de veneração, em vida ou após sua morte.

O indivíduo que descobre e reconhece, valoriza e cultiva a vida espiritual, natural e espontaneamente manifesta-a como respeito, pureza, honestidade, sinceridade, benevolência, altruísmo e demais reflexos desse estado de ser. Graças ao despertar espiritual, o indivíduo gradualmente descobre dentro de si mesmo os referenciais mais elevados que é capaz de conceber e que se propõe a seguir. Nesse processo, sua conduta se expressa como decorrência e reflexo do mundo interior, não mais como obediência a preceitos externos, receio de punições ou busca de recompensas. Independentemente de leis externas, a obediência aos ditames da própria consciência constitui a garantia única de sua paz e serenidade diante de quaisquer circunstâncias. Tal estado parece distante da nossa realidade cotidiana, e realmente nos encontramos longe de senti-lo e manifestá-lo em plenitude. Porém, a vida e o exemplo de tantos seres – em diversos locais e épocas – íntegros, sábios e benevolentes, cuja conduta se fez inspiradora, indica que, mediante um processo adequado de educação que inclua, valorize e priorize a dimensão espiritual da vida, essa condição pode ser alcançada por todos que aspirem a ela.

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