Junho colorido

Por Rubinho Vitti | 19/06/2021 | Tempo de leitura: 3 min

Bandeirinhas coloridas cruzando o quintal. Na mesa, docinhos como pé de moleque, paçoca e cajuzinho acompanhados de pipoca, cachorro quente e milho verde. Daí também tinha quentão, vinho quente e muito Mário Zan tocando na vitrola. Todo mês de junho minhas festas de aniversário eram assim. Regadas do melhor que uma boa festa junina pode ter.

Os anos se passaram, as festas juninas de aniversário foram diminuindo, mas o colorido das bandeirinhas permaneceu… cada vez mais forte. Junho ganhou um novo significado na minha vida (e de muitos) de uns anos para cá, pois é o mês da diversidade. Ou melhor, o mês do orgulho LGBTQ+.

Vamos lembrar que a sigla LGBTQ+ significa lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e "queers". O último termo, em inglês, antigamente pejorativo e utilizado para ofender os considerados "estranhos", foi abraçado pela comunidade e hoje abrange tudo o que esteja fora da heteronormatividade.

E para que a celebração acontecesse nos dias de hoje, muitos sofreram e lutaram no passado até que um marco lá nos Estados Unidos colocasse um fim, ao menos temporário e simbólico, a tanta violência. Para entender esse histórico precisamos voltar para 28 de junho de 1969, em um clube chamado Stonewall Inn, em Nova York.

O local era um dos espaços mais abertos da cidade naquela época, onde as pessoas podiam ser elas mesmas. Ou seja, a comunidade LGBTQ+ era aceita sem julgamentos ou preconceitos, assim como qualquer outro que adentrasse por ali.

Mas Nova York dos anos 1960 era reprimida fortemente pela ação policial e a violência atingia em cheio os LGBTQs. Mas naquele 28 de junho, o público daquele estabelecimento resolveu dar um basta, respondendo a mais uma ação policial que acontecia de forma covarde no local.

Aquilo rompeu em um protesto, que foi crescendo, tornando-se maior dia após dia, noite após noite. Organizações e associações LGBTQ+ foram sendo formadas e, nos anos seguintes, marchas começaram a acontecer em outras cidades e estados americanos.
Hoje, as chamadas "paradas" LGBTQ+ acontecem no mundo todo, a maioria delas no mês de junho, justamente para lembrar a revolta de Stonewall, em Nova York, que desencadeou a sede de justiça das pessoas LGBTQs mundo afora.

O mês de junho leva o tema a muitos outros espaços além das manifestações, festas e celebrações. As ruas ficam coloridas com bandeiras do arco-íris, que simbolizam toda e qualquer pessoa da sopa de letrinhas LGBTQ -- que ainda pode ser usada com mais letras, como I, de intersexo, e A, de assexuados, e o símbolo + para outras variações de gênero e sexualidade.

A comunidade LGBTQIA+ pode ser uma parcela pequena da população -- 1%, 5%, 10%, não importa --, mas sua visibilidade é cada dia maior, pois a luta não pode parar. Afinal, a violência continua.
No Brasil, a cada 19 horas uma pessoa LGBT é morta, segundo o Observatório das Mortes Violentas de LGBTI+. A expectativa de vida de um transexual, por exemplo, é de 35 anos no país.

Mesmo que o H, de heterossexual, não esteja incluso nesta bandeira, isso não significa que os heterossexuais não façam parte. Quem entende, respeita e celebra a diversidade é aliado na luta por justiça. Largue seus preconceitos para trás, nossa existência é muito curta para não enxergar o mundo com olhos coloridos. Seja um aliado ou uma aliada. Nunca é tarde demais! Garantia de amor e cor em dobro na sua vida.

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