Projeto democratiza acesso a grandes obras e propõem consumo diferenciado
As gravações das seis suítes de Johann Sebastian Bach para violoncelo solo é o mais novo projeto do professor de música André Micheletti. Ele – que tem duplo doutorado em violoncelo barroco e é diretor artístico associado da OSP (Orquestra Sinfônica de Piracicaba (OSP) – realizou um sonho ao tocar duas suítes na Capela São Pedro, localizada no bairro Monte Alegre – veja o vídeo lendo o QR Code desta matéria ou acesse encurtador.com.br/knNZ9.
O próximo passo do projeto é gravar as suítes de Bach em estúdio para a Lemon Music, selo especializado em música clássica e experimental (lemonmusic.com.br). Micheletti, que é professor de música da Faculdade de Ciência e Letas da USP (Universidade de São Paulo) Ribeirão Preto, teve ajuda, para a gravação na capela, de dois alunos rio-clarenses Luis Guilherme Walder de Almeida e Lucas Casagrande. Ele explica que Bach é um músico luterano – suas músicas são voltadas para o contexto evangélico. “Mas não é o caso das suítes, compostas, cada uma, por um prelúdio e um conjunto de cinco danças. A música daquela época era feita em igrejas até mesmo por conta da ressonância. E a primeira vez que eu vi a capela, tive vontade de gravar lá. Não teve edição, nem nada. Sentei e toquei. Gostei do resultado.” Continuando em busca de todo sonho de um violoncelista – o de gravar o integral de Bach – na semana passada, o músico estrelado piracicabano fez sua primeira gravação, em estúdio em São Paulo, de outros cinco que virão. Com o selo da gravadora Lemon, Micheletti dará sua interpretação à obra para veiculação nos canais de streaming de música: Spotify e Apple Music.
Ainda sem expectativas de data, mas muito animado com a oportunidade, ele comenta sobre consumo da arte durante a pandemia do novo coronavírus. “A gente vive em um momento extremamente delicado, e não se pode desvincular a cultura da educação. Todas as pessoas, quando chegam em casa, querem consumir algo. Na maioria das vezes, ficamos nas mídias sociais e plataformas de filmes, e chega uma hora que este entretenimento se esgota. Essa falta na educação do povo, no sentido de acessar outras válvulas de escape para cultura e arte, de ter outras experiências, é o objetivo de colocar Bach nas plataformas digitais.” Micheletti aproveitou o momento com a reportagem do Jornal de Piracicaba para agradecer a oportunidade dada a ele na capela pelo proprietário da área Wilson Balu Guidotti – a cessão foi gratuita. OSP Em sua fase mais recente, de 2013 aos primeiros meses de 2014, a Orquestra Sinfônica de Piracicaba esteve sob a direção de André Micheletti por indicação do maestro Egildo Pereira Rizzi, seu antigo professor.
O maestro Jamil Maluf, piracicabano que atuou como diretor artístico do Theatro Municipal de São Paulo e criou a Orquestra Experimental de Repertório, torna-se diretor artístico e regente titular da OSP em julho de 2014, com Micheletti como regente assistente e diretor artístico associado. A partir de 2015, ambos ficam responsáveis por um trabalho de reestruturação completa da OSP, que inclui processo seletivo para admissão de instrumentistas profissionais e estagiários. No fim do ano passado, a orquestra foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Município de Piracicaba.
Cristiane Bonin
cristiane.bonin@jpjornal.com.br
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