BBB 21, uma análise

Por Rubinho Vitti | 30/03/2021 | Tempo de leitura: 3 min

A arte imita a vida ou a vida imita a arte? Agora deixe a arte de fora. Que tal televisionar a vida? Isso resulta em uma cópia da realidade? A TV se torna um espelho de personalidades diversas? É possível, com essa lupa, definir o caráter de indivíduos?

Talvez essas sejam as maiores questões quando assistimos ao Big Brother Brasil, onde personagens reais, nos lembram pessoas que estão ao nosso redor.

Eu já escrevi aqui sobre a Lumena, uma participante que fazia parte do grupo inicial de “vilões” do programa. Todos os integrantes dessa “turma” já saíram e, curiosamente, deram espaço para que outros “brothers”, até então queridinhos do público ou apenas invisíveis na história, colocassem outros tipos de tempero na convivência e na discussão aqui fora.

Na semana passada, o cantor sertanejo Rodolfo, ao comentar o figurino de uma festa do ator Fiuk, que usava um vestido, fez piada, dizendo: “imagina o homem lá nas festas de Goiás?”.

Rodolfo não só salientou o fato de que homem de saia (e aí vamos concordar que estamos estendendo a afi rmativa para todo e qualquer comportamento afeminado) não é e nem deve ser aceito pela sociedade de seu estado como também aprova tal ato por meio de suas “brincadeiras”, que ele considera inocentes.

Fico imaginando a quantidade de LGBTQs de Goiás que devem, mais uma vez, ter engolido seco, como se não houvesse homofobia suficiente por lá, onde o sertanejo e sua cultura machista imperam. Para os que aprovam a atitude de Rodolfo, mais uma munição para continuar no ataque à comunidade LGBTQ.

A atitude de Rodolfo o levou ao paredão. Depois da indicação, chorou com Fiuk e disse que era “chucro” e que veio de um lugar machista, racista e homofóbido. Sua busca por algum tipo de redenção acabou no segundo após a decisão do público de deixá-lo ficar na casa. Depois do resultado, ele disse que o motivo que o levou à quase saída do programa é culpa desse “mundo de hoje com esse tanto de mimimi pra cima e pra baixo”.

Rodolfo reflete bem a cultura machista que o estilo musical que leva no peito prega. Não abaixa a cabeça e tem muita dificuldade em aprender com os erros. Ele prefere manter sua fama de mau. Mau caráter!

Por outro lado, uma participante que até há pouco tempo era queridinha do público, principalmente LGBTQ, justamente por ser “melhor amiga” do Gil, homossexual assumido e afeminado da edição, tem se mostrado até pior que Rodolfo e eu provo o porquê!

À primeira vista, ela parece ser “prafrentex”, entendedora das dores do outro e uma aliada da comunidade LGBT, mas essa película delicada não demora muito a trincar. Com Rodolfo, ela disse que o incômodo de Gil foi por causa “desse negócio de serem gays”.

Apesar de viver grudada em Gil, ela, em nenhum momento, defendeu o amigo ou disse que não gostou dos comentários. Ou seja, não foi uma aliada. A impressão que deu é que foram os gays os culpados por se incomodarem por um comentário homofóbico. Triste!

Sarah tem derrubado cada vez mais suas máscaras. A começar pelo seu lado político. Ela já deixou bem claro que votou em Jair Bolsonaro nas eleições de 2018 e segue o apoiando, mesmo com todo o histórico homofóbico do presidente. Um aliado da comunidade LGBQ faria isso?

Eu mesmo já conheci muitas meninas heterossexuais que têm uma aproximação forte com gays, adoram uma festa, gostam do frenesi e o auê que a comunidade tem de sobra. Você acredita que a elas pode confi ar suas dores e segredos.

Mas basta uma curva da vida para elas mostrarem que você não passava de um “chaveirinho”. São ótimas para a baladação, mas não vão marchar contigo quando seus direitos estiverem em jogo.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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